As grandes regiões metropolitanas do País, assim como o sertão nordestino, estão vulneráveis a problemas de abastecimento de água. Levantamento da Agência Nacional de Águas (ANA) obtido pela Agência Nossa revela que o estado de Pernambuco tem 4,5 milhões de pessoas em risco nas áreas urbanas, o equivalente a quase metade da população.

Mas a realização de obras recomendadas pela reguladora pode reduzir em
22% o risco de desabastecimento no estado. O Plano Nacional de
Segurança Hídrica prevê a construção de barragens e uma série de estudos
de aproveitamentos de recursos hídricos em Pernambuco. A obra mais cara é o Ramal do Agreste, no valor de R$ 1,46 bilhão.

A ANA lista a necessidade de ampliação de pelo menos quatro sistema
adutores e obras para outros quatro, entre os quais o Sistema Adutor do
Agreste, orçado em R$ 735 milhões e os sistemas Engenho Maranhão-ETA
Suape (R$ 232 milhões) e ETA Pirapama (R$ 386 milhões). Está estimada
ainda a segunda fase do Sistema Adutor Pajeú, com custo de R$ 24,5
milhões.

O estudo da reguladora identificou 54,8 milhões de pessoas no Brasil que vivem em cidades com menor garantia de abastecimento de água na zona urbana. A avaliação da oferta de água foi realizada com base na disponibilidade dos mananciais superficiais e subterrâneos utilizados para abastecimento da população de cada sede municipal e na sua capacidade de atendimento às demandas.

“Esses resultados refletem, predominantemente, a pressão sobre os recursos hídricos devido à demanda das grandes concentrações populacionais urbanas, à escassez de água em algumas áreas, como no Semiárido, e ao aumento progressivo da taxa de urbanização do País, que pode se aproximar de 90% em 2020”, analisa a reguladora no Plano Nacional de Segurança Hídrica.

Do total de pessoas em áreas urbanas vulneráveis à falta de água no País, cerca de 30% saem da zona de risco com as obras recomendadas no plano. Entre as recomendações, sistemas adutores e o aproveitamento de outras fontes hídricas (existentes ou que demandam nova infraestrutura).

O plano prevê investimentos de R$ 26,9 bilhões em 99 ações estruturantes hídricas que trarão segurança hídrica para o País.

“Em que pese muitas intervenções terem sido executadas ao longo das últimas décadas, é fundamental a existência de um roteiro comum que oriente os investimentos, construído a partir de uma base única de diagnóstico e metodologia de análise integrada dos déficits hídricos e das soluções requeridas em todo o território nacional”.

Nesse contexto, considerando suas atribuições no âmbito da Política Nacional de Recursos Hídricos, no que se refere ao planejamento e promoção de ações destinadas a prevenir ou minimizar os efeitos de secas e cheias e à elaboração de estudos para subsidiar a aplicação de recursos financeiros da União em infraestrutura hídrica, a ANA desenvolveu, em parceria com o Ministério do Desenvolvimento Regional, o PNSH.

Em dezembro de 2016, 132 cidades do Nordeste Setentrional, com uma população total de 1,5 milhão de habitantes, encontravam-se em colapso de abastecimento e 812 municípios eram abastecidos por carros-pipa, gerando custos de mais de R$ 1 bilhão ao governo federal. Além do semiárido, historicamente sujeito a secas, a crise hídrica também ocorreu no Sudeste, afetando as regiões mais populosas e com maiores demandas hídricas do País, tais como a bacia do rio Paraíba do Sul e a Região Metropolitana de São Paulo.