A nova década começou desafiadora para ramos tradicionais da economia, mas promissora para segmentos de tecnologia da informação, computação e marketing digital. Enquanto a indústria e o setor bancário entraram em 2021 com o pé esquerdo, as empresas e os profissionais de TI e comunicação digital comemoram a forte demanda por seus serviços.
A pandemia de 2020 impôs ritmo acelerado de digitalização ao mercado de trabalho, tendência que deve permanecer neste ano. Analistas e profissionais do mercado esperam crescimento nos setores do varejo online, logística e tecnologia da informação.
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“A pandemia foi uma avalanche. Eu perdi cerca de 40% do meu faturamento, muitos contratos foram suspensos, até alguns com promessa de retornar após a pandemia … Nesse meio tempo, eu acabei montando uma outra unidade de negócios em cima de uma oportunidade que detectei de mercado”, afirma Bruno Granato, sócio-diretor da Agência Campana, especializada em publicidade e marketing digital, entre outras .
Com os projetos em suspenso, o publicitário criou um novo produto ofertado por sua empresa, o Cardápio Seguro, que oferece a visualização do menu de restaurantes, acessado por um QR code. Esse novo negócio aumentou a demanda da agência e ao mesmo tempo permitiu que seus clientes também se adaptassem ao “novo normal”.
“E assim aconteceu com os outros clientes também. Todo mundo começou a ter que comunicar o que estava operando, o que estava fazendo para garantir a segurança, tanto dos colaboradores, quanto dos clientes. Nós tivemos um aumento bem significativo das demandas, mas foram demandas dos clientes que ficaram, não de novos clientes entrando”, ele conta.
Granato espera grandes oportunidades para o desenvolvimento do marketing digital, com o crescimento do Google Meu Negócio, as técnicas de SEO impulsionadas por dispositivos de voz como Alexa e Google Home, o TikTok como rede social em ascensão e a ampliação da relevância do Whatsapp com seu mecanismo de pagamentos próprios (O Whatsapp Pay) .
Potencial imenso
O comércio online faturou R$ 134,9 bilhões em 2020, uma fatia de 6% de todo o varejo de acordo com análise da Confederação Nacional do Comércio. O dado pode significar cerca de 50% de aumento nas vendas on-line no ano passado, mas ainda representa uma fatia pequena no varejo brasileiro. Ou seja, um enorme potencial ainda a ser explorado.
Outro profissional feliz com a maré da digitalização é Roberto Kanter. Professor do MBA da FGV e diretor executivo do Canal Vertical, empresa de consultoria de vendas, Kanter conta que o segundo semestre de 2020 foi marcado por uma retomada “surpreendente” das demandas em sua empresa.
“Eu diria que foi um excelente segundo semestre na área de consultoria. Diversos projetos novos e super interessantes aconteceram, todos eles envolvendo essa questão da transformação digital, do e-commerce, programas de relacionamento com cliente e como as empresas estão tentando viver nesse mundo físico e no mundo digital”.
A gerente de RH Juliana Ornellas afirma que todos os profissionais foram de alguma forma impactados pela pandemia, não só no âmbito do trabalho, mas principalmente pelo aspecto psicológico.
Segundo ela, as empresas com capacidade de se relacionar com a informática são as que mais chegam preparadas em 2021. A pandemia de certa forma impulsionou adaptações que estavam previstas ao longo prazo, mas que precisaram se acelerar em 2020:
“Na minha empresa, nós tivemos que acelerar o processo de transformação digital, que já estávamos fazendo, mas que caminhava junto com outras coisas que víamos como prioridade. Com a pandemia, precisamos abrir mão das outras coisas e fazer com que isso [a digitalização] fosse a prioridade. Consequentemente, precisamos da mão de obra de TI”.
O presidente da CNC José Roberto Tadros, ainda defende cautela para pensar as projeções do setor de comércio em 2021: “Se houver normalização, temos boas perspectivas. A economia já vem dando sinais de recuperação, mas vamos precisar manter os pés no chão (…). Será fundamental, também, garantir um ambiente de segurança jurídica e o fortalecimento da nossa democracia, com poderes harmônicos, mas independentes entre si”.