A ArcelorMittal inaugurou nesta segunda-feira a maior planta de dessalinização de água do mar do Brasil. A água tratada pelo sistema, destinada a fins industriais, substituirá parte do volume consumido do Rio Santa Maria da Vitória pela unidade siderúrgica Tubarão, no estado do Espírito Santo.

A estrutura, que recebeu R$ 50 milhões em investimentos, tem uma capacidade inicial para dessalinizar 500 mil litros de água por hora e, desta forma, garantirá maior segurança hídrica para a empresa e para o Espírito Santo. Segundo o presidente da ArcelorMittal Brasil e CEO ArcelorMittal Aços Planos América do Sul, Benjamin Baptista Filho, a produção da planta está alinhada à estratégia da empresa frente a futuros cenários de escassez hídrica no País.

“A legislação brasileira determina que no caso de qualquer evento [de escassez] a prioridade do fornecimento de água é para uso humano e uso animal. O uso industrial fica lá no finalzinho da fila. E pra gente enfrentar esse período [de escassez] nós fizemos inúmeras alterações e melhorias nos nossos processos de consumo de água doce”.

O sistema utilizará tecnologia de osmose reversa, bastante comum em países como Israel, Espanha, Estados Unidos e outros, para captação de água do mar.

“Conseguimos reduzir o nosso consumo e tomada do rio Santo Maria até cerca de 40% do que a gente tomava lá no princípio desses eventos hídricos, em 2015, e ficamos também estudando o que fazer, já que as previsões que a gente tinha na época era de que eventos dessa natureza seriam cada vez mais frequentes ao longo do tempo”, afirmou o executivo.

A usina siderúrugica de Tubarão, no ES. Foto: Divulgação

Construída em área de cerca de 6 mil m², a planta consumirá cerca de 3MW de energia elétrica e representa menos de 1% do total de energia gerada pela própria siderúrgica, que é autossuficiente. Um dos diferenciais está na sua configuração por módulos; o primeiro terá capacidade para dessalinizar 500 mil litros por hora de água do mar (suficiente para abastecer cerca de 80 mil pessoas/dia), com possibilidade de serem acrescentados módulos futuramente.

De acordo com a empresa, o processo não gerará impactos ambientais significativos, uma vez que a solução de sal em água resultante da dessalinização, a salmoura, será devolvida ao mar por um canal de retorno já existente na usina.

De acordo com o presidente da ArcelorMittal Brasil Benjamin Baptista Filho, mesmo com os desafios impostos pela pandemia, as obras foram realizadas dentro do cronograma previsto. “Sua construção demandou a criação de 220 novos postos de trabalho. Um grande volume de profissionais que, juntamente às nossas equipes, executou todo o processo dentro dos mais rígidos controles de segurança para garantir a saúde e a integridade de todos”, explicou.

A ArcelorMittal Tubarão afirma que possui o menor índice de consumo industrial de água doce do Brasil. 96% da água utilizada pela empresa vem do mar e é utilizada para a refrigeração dos equipamentos de produção de aço; os outros 4% são provenientes do Rio Santa Maria da Vitória e a empresa executa projetos para reduzir, cada vez mais, esse consumo. Atualmente, o índice de recirculação de água doce da empresa é de mais de 97%. Apesar disso, a empresa ainda consumirá a mais água do rio do que dessalinizada.