Os impactos da crise sanitária da Covid-19 e da incerteza política já assombram o Brasil em 2021, porém as expectativas para o ano que vem são ainda piores. O Banco Mundial prevê um crescimento real do PIB brasileiro de apenas 1,7%, o pior de toda a região da América Latina e Caribe para o ano de 2022. Os dados são do relatório “Recuperação do Crescimento: Reconstruindo Economias Dinâmicas Pós-Covid em Meio a Restrições Orçamentárias”.

O economista-chefe do Banco Mundial para América Latina e o Caribe, William Maloney, falou nesta quarta-feira (6), em coletiva de imprensa, sobre a melhora da economia do País em 2021, com crescimento de aproximadamente 5,3%, e no alívio do déficit fiscal, mas também das perspectivas futuras.

“O crescimento [do Brasil] que estamos prevendo para 2023 é semelhante ao que nós vimos para a região. Em 2022 é um pouquinho menor, está em 1,7%. Obviamente qualquer incerteza, em qualquer país afeta os investimentos, e por conseguinte o crescimento. Mas, novamente, é importante enfatizar que a região de modo geral, incluindo o Brasil, já não tinha um bom desempenho antes da crise nos anos de 2010. Precisamos nos concentrar nos problemas estruturais de longo prazo, além de reduzir a incerteza no curto prazo”, expõe Maloney.

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O economista do Banco Mundial abordou as perspectivas de crescimento da região e os caminhos para um crescimento econômico sustentável e inclusivo após a recuperação dos efeitos da pandemia de COVID-19. O relatório do BM aponta para uma recuperação mais lenta do que o esperado, e marcas na economia e na sociedade que levarão anos para cicatrizarem.

“A região está pouco a pouco saindo da crise e crescendo. A recuperação está mais fraca do que o esperado. Alguns países crescem mais, outros menos. As previsões estimam crescimento a 2,8% e 2,6%, em 2022 e em 2023, respectivamente, o que é insuficiente para reativar as economias. Com exceção do Brasil, a pobreza aumentou em todos os países da região.”

Sede do Banco Mundial, em Washington. Foto: Simone D. McCourte/ Divulgação

De acordo com o relatório divulgado nesta quarta (6), os custos sociais da pandemia foram devastadores. Sem considerar os resultados do Brasil, os índices de pobreza, medidos com base em uma renda domiciliar per capita de até US$ 5,50/dia, aumentaram de 24% para 26,7% na região — o patamar mais alto em décadas.

O documento também indicou que os estudantes da América Latina e Caribe perderam de um a um ano e meio de aprendizado, e a queda no Índice de Desenvolvimento Humano da ONU superou aquela verificada durante a crise financeira. 

Para o Banco Mundial, é necessário ritmo de crescimento acima do previsto na década passada, e o desafio não é voltar ao ponto anterior à crise, mas sim olhar para frente. Além disso, é preciso encontrar formas de aumentar a sofisticação e a competitividade do setor industrial, que segundo o economista-chefe William Maloney é a única forma de melhorar o combate à pobreza e melhorar a qualidade da força de trabalho a longo prazo.

Mas não só com más notícias o estudo foi concluído. A boa notícia apresentada é que a campanha de vacinação vem ganhando força nos últimos seis meses e, embora ainda esteja longe dos índices almejados, já tem gerado uma redução nas mortes por Covid-19 na maioria dos países da AL e Caribe. A meta agora é acelerar as campanhas e assegurar que todos os países recebam as doses necessárias.