A consolidação do setor de energias renováveis no Brasil tem potencial para criar 200 mil empregos até 2030. O cálculo, do especialista da Sociedade Alemã para Cooperação Internacional, foi apresentado nesta sexta-feira  durante o painel “Empregos Verdes: capacitação e formação de talentos para um mundo em transição”, realizado pelo Instituto Clima e Sociedade.

A cada megawatt de energia instalado no País serão gerados entre 20 a 30 empregos até o ano de 2030. O estudo,  realizado em parceria com os ministérios de Minas e Energia, da Educação, SENAI e vários outros atores do setor de energia, analisou a demanda por profissionais em tecnologias relacionadas à transição energética. Áreas com grande potencial são de cibersegurança, segurança de dados e inteligência artificial.

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Segundo o pesquisador e analista de economia regional na 4intelligence Paulo Eduardo Braga, os empregos verdes são todos aqueles que beneficiam, restauram e conservam os recursos naturais ou aqueles empregos que ao longo do seu processo de produção mitigam os impactos já causados ao meio ambiente. 

˜O setor de energia elétrica tem aproximadamente 94% de empregos verdes do total que ele emprega. A partir do momento que há mais projetos e mais incentivo por parte do governo para promover esse tipo de atividade, a quantidade de energia gerada de fontes renováveis, além da hídrica, aumenta˜, sinaliza o analista de economia regional.

De acordo com pesquisador, o setor de energia elétrica é o setor que mais tem capacidade de influenciar o desenvolvimento de outros setores. E quando se tem uma iniciativa de formação profissional de pessoas para trabalhar com energias renováveis, isso respinga em todos os outros setores produtivos.

Usina de Energia Eólica (UEE) em Icaraí, no Ceará (CE) Foto: Ari Versiani/PAC

˜Existem vários setores que têm potencial de geração de empregos verdes. A agricultura, a construção, a pecuária, que tem vários exemplos de pecuária de baixo carbono, a agricultura de baixo carbono e várias outras. Então é super importante que governo e a sociedade civil estejam juntos para fomentar esse tipo de estratégia˜, indica Paulo Eduardo Braga.

̃Em 2019 e 2020, foram formados mais de seis mil egressos de novos cursos por instituições da rede federal e pelo SENAI apoiados pelo projeto Brasil-Alemanha. A pesquisa indicou que 77% desses egressos estão no mercado de trabalho. Mas um aspecto que precisa de muita atenção ainda nos próximos anos é a parte de participação das mulheres. Somente 5,7% de egressos para esses cursos são mulheres˜, afirma o especialista em educação profissional Christoph Büdke.

O projeto Profissionais para Energia do Futuro já apoiou a qualificação de quase oito mil profissionais, através de parceria com o Ministério do Meio Ambiente, SETEC/MEC, Rede Federal EPCT e SENAI. Uma parceria entre a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR), o SENAI e a Cooperação Brasil-Alemanha vai implantar 10 novos centros de treinamento em energia fotovoltaica. Os cursos oferecidos serão de instalador (a) de sistemas fotovoltaicos, especialista técnico em energia solar fotovoltaica e dimensionamento de sistemas fotovoltaicos.

˜O papel do ensino profissionalizante e criar novas perspectivas para jovens que querem se formar  nessas profissões no futuro e outro aspecto importante é considerar quem já está no mercado de trabalho e as mudanças que ocorrerão, oferecendo requalificação˜, diz o diretor de projetos Christoph Büdke.

De acordo com recente estudo da Organização Internacional do Trabalho, colocar em prática acordos e compromissos climáticos internacionais poderia gerar 18 milhões de novos empregos até 2030. A discussão sobre a geração de “empregos verdes” ganha especial importância no pós-Covid-19, com a necessidade de uma recuperação econômica pujante, justa e sustentável.