O sistema Deter, do Inpe, apurou que foram derrubados no mês passado 500 quilômetros quadrados de floresta na Amazônia, contra 1.487 km2 em julho do ano passado. Os dados foram divulgados pelo Ministério do Meio Ambiente.
A forte redução do ritmo das motosserras levou a uma queda de 7,4% nos alertas no ano de 2023, que abre a possibilidade de uma redução na taxa de devastação da floresta no primeiro ano do governo Lula.
“A estrutura do Ibama não mudou, a legislação não mudou, ninguém inventou nenhuma ferramenta nova. A única coisa que mudou foi a determinação de cumprir a lei”, afirma Marcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima.
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Já os alertas de desmatamento na Amazônia recuaram 66% em julho e o resultado mensal consolida reversão das taxas galopantes do governo Bolsonaro. Trata-se da segunda menor área de alertas já registrada na atual série histórica do Deter, iniciada em 2015.
“O dado mostra que a Amazônia vive de expectativa. Quando você tinha o governo federal defendendo grileiro, chamando madeireiro ilegal de cidadão de bem e atacando indígena, o sinal da ponta era de que toda a destruição seria premiada. Agora o crime entendeu que o cenário mudou e que infratores serão apanhados e punidos. Isso impacta diretamente o desmatamento”, acrescentou o especialista.
De agosto de 2022 a julho de 2023, a área de alertas foi de 7.952 km2 contra 8.590 km2 no mesmo período de 2021 a 2022.
O sistema Deter monitora a destruição da Amazônia em tempo quase real, usando imagens de satélites. A informação é rápida para ajudar a fiscalização do Ibama, mas é menos acurada que os dados do Prodes, o sistema que uma vez por ano mede a taxa oficial de desmatamento. Os dados de ambos os sistemas são apurados de agosto de um ano a julho do ano seguinte. A série de 2023, portanto, foi fechada no último dia 31.
“Devido às diferenças entre o Prodes e o Deter, não é possível saber se haverá redução na estimativa oficial de desmatamento de 2023, que será divulgada em novembro”, pondera o Observatório do Clima. “Mas o número de julho surpreende: o desmatamento acelerado no segundo semestre de 2022, final do governo Bolsonaro, tornava extremamente difícil uma queda na taxa de 2023. Isso já está no horizonte”.
Devastação no Cerrado tem alta de 26%
No Cerrado, porém, a ação do governo foi incapaz de conter o surto de desmatamento: o bioma mais rapidamente destruído do Brasil teve novo aumento no último período e superior ao do ano anterior (6.359 km2 contra 5.458 km2).
Em julho, o aumento foi de 26%. Isso se deveu à grande quantidade de autorizações de desmatamento emitidas pelos governos estaduais, sobretudo o da Bahia, estado campeão de devastação do bioma. Diferentemente da Amazônia, onde o Código Florestal só autoriza o desmatamento de 20% de uma propriedade rural, no Cerrado o limite é de 80%.
“Era de se esperar o aumento do desmatamento do Cerrado neste ano, reforçado pela baixa proteção que a legislação florestal brasileira lhe confere e pelo grande número de autorizações de desmate que vêm sendo emitidas pelos estados”, diz Guilherme Eidt, coordenador de advocacy do ISPN (Instituto Sociedade, População e Natureza).