O Censo Escolar 2023, divulgado pelo Ministério da Educação na última semana, mostrou uma redução da educação básica, com menos 500 mil matrículas na rede pública. Por outro lado, houve aumento do total de alunos em escolas particulares e projetos educacionais promovidos pela iniciativa privada e sociedade civil, que ajudam milhões de alunos nas redes públicas.

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Nesta reportagem, mostramos alguns desses projetos e suas contribuições para a sociedade.

Fundação Lemann

Organização filantrópica fundada em 2002, a Fundação Lemann auxilia redes públicas de ensino a educar mais de 5 milhões de crianças e adolescentes, tendo formado mais de 3 mil lideranças ao longo dos anos, por meio de acordos de cooperação técnica sem transferência de recursos. Atua a partir de três frentes: Universalização da alfabetização, Aprendizagem adequada e Tecnologia e Inovação.

Entre as iniciativas, a fundação, por meio de sua assessoria de empresa, destacou para a Agência Nossa o projeto Teaching at the Right Level (TARL), iniciativa adaptada e implementada pelo Instituto Gesto e pela Elos Educação, em escolas públicas de seis territórios brasileiros — nos estados do Amapá e Sergipe e nas  cidades de Taubaté (SP), Rio de Janeiro (RJ), Ulianópolis (PA) e Moju (PA). O objetivo é “recompor a aprendizagem a partir de uma intervenção centrada no estudante”. Segundo a instituição, “a experiência engloba avaliação, formação de  professores e de facilitadores e atividades pedagógicas direcionadas ao nível de aprendizagem em que os alunos se encontram”.

No Sergipe, a escola indígena estadual Dom José Brandão de Castro, localizada na Ilha de São Pedro, aderiu ao programa por meio da atuação da professora Iraildes, uma indígena da etnia Xokó. À fundação, ela ressalta o envolvimento de toda a comunidade escolar e a participação dos pais dos alunos no projeto: “Como as atividades são mais dinâmicas,  lúdicas, os alunos puderam desenvolver melhor suas habilidades, compreendendo  muito bem as atividades, o que proporcionou um grande índice de aprendizagem, tanto em atividades individuais, como coletivas”.

Itaú Social

Com mais de 20 anos de história, o programa Melhoria da Educação, da Fundação Itaú, tem o objetivo de garantir acesso, permanência e aprendizado com equidade para os estudantes ao trabalhar para o fortalecimento das secretarias municipais de educação. As tecnologias educacionais desenvolvidas são transformadas em cursos e oferecidas gratuitamente no site do Polo, ambiente de formação on-line do Itaú Social.

Foto: Divulgação

A instituição também dispõe de dois editais para garantir os direitos de educação dos estudantes. O primeiro, Fundo da Infância e da Adolescência (FIA), seleciona ações que buscam reafirmar o direito dos alunos por meio da destinação do imposto de renda devido. A última edição escolheu 55 projetos de todas as regiões do país para receberem recursos por meio dos Conselhos Municipais dos Direitos da Criança e do Adolescente (CMDCAs), órgãos responsáveis pelas políticas de garantia dos direitos da infância nos municípios. 

O segundo, Anos Finais do Ensino Fundamental, apoiou 14 pesquisas com o objetivo de investigar essa que é considerada uma das etapas mais desafiadoras da educação básica brasileira. Além da representação de diferentes realidades e o apoio a pesquisas vinculadas à prática, a ação estimula o desenvolvimento do saber científico com a participação ativa de escolas, redes educacionais e organizações da sociedade civil.

Fundação Raízen

Com preocupação com a educação desde que foi fundada como Fundação Cosa em 2002, ao promover cursos para os filhos dos colaboradores da empresa, a Fundação Raízen promove projetos que focam em atender necessidades das comunidades próximas às operações da empresa. Por meio da educação, ela promove o desenvolvimento de crianças, adolescentes e professores, gerando autonomia, protagonismo e cidadania através dos seus três programas: Ativa Infância, Ativa Juventude e Ativa Educadores. A partir deles, a empresa impactou positivamente mais de 26 mil pessoas em 37 cidades brasileiras em 2022.

No último ano, o Ativa Juventude formou cerca de 5 mil jovens. Desde sua criação em 2019, a iniciativa que visa impulsionar estudantes de escolas públicas em fase de transição para o ensino médio a descobrirem suas vocações e caminhos profissionais já capacitou mais de 10 mil estudantes em todo o país, ultrapassando as expectativas iniciais.

Foto: Divulgação

“Nossa metodologia e dedicação estão baseadas na crença que investimos nesses jovens com o principal objetivo de fomentar o aprendizado e o protagonismo em uma fase essencial da vida. É necessário desenvolver o potencial destes jovens para transformar suas próprias histórias, de suas famílias e de todo o entorno”, afirma Paula Benevides, diretora presidente da Fundação Raízen, sobre o programa.

Já neste ano, a instituição começa a implementação do Ativa Comunidade Escolar, nova iniciativa em parceria com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) que beneficiará 405 escolas em 90 municípios brasileiros até 2027. O objetivo é fortalecer as ações de gestores escolares, professores e da comunidade para tornar os anos finais do ensino fundamental mais atrativos para os alunos. 

Multiplan

Uma das maiores empresas de shoppings do país, a Multiplan é parceira do programa Abrace uma Escola, da Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro, que objetiva promover o apoio da iniciativa privada a unidades escolares. Segundo publicação da Prefeitura do Estado do Rio de Janeiro: “O Abrace uma Escola é um canal para aproximar unidades educacionais de pessoas físicas e empresas que queiram colaborar com a melhoria da rede. Os interessados poderão ajudar com obras de infraestrutura, ações de conectividade ou de insumos”.

Foto: Divulgação

Em 2022, a empresa realizou a reforma da Escola Municipal Marechal Canrobert Pereira da Costa, em Jacarepaguá, ao lado do Park Jacarepaguá, recente shopping da companhia. A ação incluiu pintura geral, troca do alambrado, revitalização da quadra poliesportiva, da área de convivência e instalação de novos bebedouros e de bicicletário. Além disso, ao longo de cinco dias a Multiplan promoveu um projeto de educação ambiental para os alunos de 10 a 14 anos da escola, em uma ação conjunta com o Instituto Moleque Mateiro. As atividades incluíram as oficinas Horta Escolar, com reativação da horta instalada na escola, e Caminhos das Águas, voltada para o entendimento e debate sobre o ciclo da água.

Outra iniciativa é o Projeto de Escolarização, bandeira de estímulo à educação da companhia. “Ele promove a inclusão e proporciona aos trabalhadores e lojistas dos empreendimentos Multiplan, a oportunidade de concluir gratuitamente os ensinos Fundamental e Médio. Através de aulas presenciais, o curso segue a estrutura curricular das Secretarias de Educação e é certificado pelo Ministério da Educação e Cultura”, explica Vander Giordano, vice-presidente Institucional da Multiplan. A empresa também estabelece o Multiplique o Bem, o hub de responsabilidade social que busca promover uma transformação positiva nas comunidades do entorno. Por meio dele, são desenvolvidas iniciativas nas áreas de saúde, educação, cultura, cidadania, direitos humanos, proteção aos animais e turismo. Em 2022, o Multiplique o Bem, em todos os seus pilares, realizou mais de 100 iniciativas sociais e beneficiou mais de 1,5 milhão de pessoas diretamente.

Instituto Yduqs

Responsável por ações sociais em diversas unidades de ensino superior, o Instituto Yudqs realiza em parceria com a Estácio o Programa de Alfabetização e Letramento de Jovens e Adultos. Em 2024, a edição do projeto estabelece uma nova etapa educacional em que os alunos poderão fortalecer os conhecimentos adquiridos, além de exercitar a leitura, a interpretação de texto e a escrita. 

“Ao longo de seis anos, consolidamos a atuação do Programa de Alfabetização e Letramento de Jovens e Adultos e construímos, com empatia, um importante legado para mais de 1.300 alfabetizados. Estamos prontos para darmos um novo passo em 2024: o lançamento do módulo II que irá atender aos estudantes que desejam desenvolver ainda mais a leitura e a escrita, ampliando sua autonomia pessoal e contribuindo para uma sociedade com mais dignidade e equidade”, declara Cláudia Romano, presidente do Instituto Yduqs e vice-presidente do grupo educacional Yduqs, organização da qual a Estácio faz parte.

O programa é gratuito e inclui todo material didático necessário. Para a sua aplicação, conta com mais de 70 integrantes entre coordenadores, professores e alunos dos cursos de licenciaturas da Estácio. A ação, que já formou mais de 1.300 estudantes na faixa etária entre 20 e 70 anos, tem como missão combater o analfabetismo e erradicá-lo nas comunidades do entorno de 14 campi de ensino da Estácio.

Instituto Sidarta

No Brasil, dados do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) de 2021 revelam que apenas 5% dos estudantes do ensino médio da rede pública têm aprendizado adequado em matemática. Para mudar esse cenário, o Instituto Sidarta e o Centro de Pesquisas Youcubed, da Universidade de Stanford (EUA), promovem o Programa Mentalidades Matemáticas (MM) em parceria com municípios brasileiros.

O Programa Mentalidades Matemáticas (MM) propõe atividades que apresentam a disciplina de forma mais visual, criativa, aberta e equitativa / Foto: André Seiti (Itaú Social)

Ya Jen Chang, presidente do Instituto Sidarta, ressalta que o programa “reúne pessoas que acreditam ser possível promover o desenvolvimento humano e a mobilidade social por meio de outra forma de ensinar e aprender matemática”. “Queremos levar as mentalidades matemáticas para todo o território brasileiro. Esse é um enorme desafio que envolve derrubar mitos em torno da disciplina e democratizar o acesso a uma abordagem abrangente e inovadora”, declara.

Com cursos presenciais e on-line para docentes, grupos de estudos e aplicações em salas de aula a partir de parcerias com secretarias de educação, em oito anos o programa já formou mais de 11 mil professores, impactando mais de um milhão de estudantes em cidades como São Paulo (SP), Cotia (SP), Itu (SP), Altamira (PA) e Santana do Ipanema (AL). Em Cotia (SP), um Curso de Férias de dez dias, realizado com alunos do quarto e quinto anos, foi responsável por um salto equivalente a 1 ano e 3 meses em escolaridade matemática, calculado pelo desempenho na avaliação MARS (Mathematics Assessment Resource Service).

Hydro

A multinacional de alumínio e energia Hydro destaca três projetos de educação que apoia. Desses, um destaque é o Território do Saber, parceria entre a Hydro Paragominas e a Secretaria Municipal de Educação da cidade paraense para melhorar a qualidade do ensino da rede municipal paragominense. A ação oferece assistência técnica e formação didático-pedagógica para os corpos docentes da cidade e as habilidades e competências estabelecidas dão especial atenção à redução das taxas de analfabetismo e analfabetismo funcional no público jovem e adulto. 

Foto: Divulgação

Junto ao BNDES, ao Grupo Lorinvest e ao Movimento Bem Maior, a empresa também co-financia a ampliação da Rede Synapse para a Amazônia para atuar em regiões vulneráveis e de extrema pobreza. A Rede Synapse é realizada pelo Instituto de Pesquisas em Tecnologia e Inovação (IPTI) em três municípios da área de influência do mineroduto da empresa e utiliza uma tecnologia social para melhorar o ensino e o aprendizado das matérias de português e matemática no ciclo de alfabetização. O projeto que iniciou em 2023 tem a expectativa de treinar cerca de 600 professores e beneficiar 12 mil alunos paraenses até 2025.

Já o Itinerários Amazônicos é um programa gratuito que disponibiliza unidades curriculares baseadas em temas amazônicos para os itinerários formativos do ensino médio, produzidas em colaboração com jovens, educadores e redes de ensino da Amazônia Legal. Ele também oferece formação continuada às secretarias estaduais de educação parceiras para implementação dessas unidades curriculares nas escolas, que trazem sugestões de atividades e metodologias que apoiam o planejamento das aulas dos educadores, seja da Amazônia Legal ou de outras regiões do Brasil. A ação é uma realização conjunta do Instituto Iungo, do Instituto Reúna e da rede Uma Concertação pela Amazônia, em parceria com o BNDES, com o Fundo de Sustentabilidade Hydro, com o Instituto Arapyaú, com o Movimento Bem Maior e com patrocínio da Vale. 

Instituto Sicoob

Agência de investimento social do Sistema de Cooperativa de Crédito do Brasil (Sicoob), o Instituto Sicoob é uma instituição privada de utilidade pública e sem fins lucrativos com o objetivo de difundir a cultura cooperativista e contribuir para a promoção do desenvolvimento sustentável das comunidades onde opera. Assim, lidera diversos projetos com foco em educação cooperativista, responsabilidade financeira, empreendedorismo e educação ambiental.

Voltados para o ensino fundamental, a empresa desenvolve o IFISI, projeto educacional que trata sobre Letramento Digital e Lógica de Programação; o Interacoope, realizado em parceria com escolas públicas e privadas e que aborda os valores da educação cooperativista e associativista com alunos do quinto ano do ensino fundamental; e o Programa Cooperativa Mirim, que incentiva e apoia a formação de cooperativas em escolas públicas e privadas sob a orientação de um professor orientador — a ação possui material didático próprio tanto para os educadores quanto para os alunos, de acordo com as faixas etárias, que vão dos 8 aos 17 anos.

Para o ensino médio, desenvolve o Valores por Elas, com foco em propiciar instrumentos básicos de educação financeira para meninas, trazendo conceitos e temas atuais para promover a reflexão sobre o comportamento financeiro para estudantes dessa etapa escolar da rede estadual de educação. Além disso, também promove um Ciclo de Palestras, com atividades desenvolvidas ao longo do ano para disseminar conhecimentos relacionados aos temas abraçados pela empresa, e um Concurso Cultural para alunos do terceiro, quinto, sétimo e nono ano do ensino fundamental regularmente matriculados em escolas da rede pública, privada ou em cooperativas escolares.

Matéria atualizada em 01/03/2024 para mudança no título: em vez de “projetos privados” optamos por deixar apenas “projetos” porque eles envolvem fundações e organizações do terceiro setor