Na noite do último domingo (10), o monumento ao Cristo Redentor, no Rio de Janeiro, recebeu iluminação especial em tons de verde para lançar um alerta importante à sociedade. A campanha tem como objetivo se opor ao projeto de lei que propõe a liberação do comércio do cigarro eletrônico no país.
Fruto de uma iniciativa da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT), em parceria com o Santuário Arquidiocesano Cristo Redentor, a ação teve como objetivo conscientizar a população sobre os perigos associados ao uso de cigarros eletrônicos, destacando a importância de mantê-los proibidos no Brasil.
Assine a Volver! para receber gratuitamente nossas reportagens
“Saúde e bem estar de nossa população são realidades inegociáveis e não podem ser relativizadas. Portanto, nosso sagrado monumento ao Redentor adere a esta campanha na certeza de que tal participação influenciará positivamente na conscientização”, destaca o reitor do Santuário Cristo Redentor.
Desde 2009, o comércio dos dispositivos eletrônicos para fumar (DEFs) são proibidos pela Anvisa, por meio da Resolução n°46. No entanto, a falta de fiscalização no país permite que qualquer pessoa tenha fácil acesso aos dispositivos eletrônicos para fumar (DEFs), sendo crianças e adolescentes, as novas vítimas da dependência de nicotina e pacientes de graves quadros respiratórios, cada vez mais frequentes. O PL 5008/2023, apresentado pela senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS), quer retirar a proibição.
Médicos e especialistas alegam que o cigarro eletrônico é ainda mais danoso e viciante que o cigarro tradicional.
Além da presidente da SBPT, Margareth Dalcolmo, e do reitor do Santuário, Padre Omar, o evento reuniu representantes de diversas instituições públicas, privadas e da sociedade civil.
O tabagismo é uma das maiores ameaças à saúde pública global, causando a morte de mais de 8 milhões de pessoas anualmente. Segundo estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS), a indústria do tabaco é responsável por 12% dos óbitos no mundo e está relacionada a mais de 60 tipos de doenças. Além disso, impõe enormes custos econômicos à sociedade, com gastos de mais de R$ 125 bilhões para mitigar os problemas de saúde associados ao tabagismo, conforme o relatório do Instituto de Educação e Ciências em Saúde (IECS 2020).
“A Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia, em conjunto com outras sociedades médicas como cardiologia, pediatria, adolescentes, a Fiocruz e a Academia Nacional de Medicina, fica profundamente honrada com o acolhimento da Arquidiocese do Rio de Janeiro, na figura emblemática do Padre Omar, que tem sido um aliado na proteção de nossas crianças e adolescentes. Sob as bênçãos do Cristo Redentor, expressamos nossa gratidão pela parceria estabelecida para a execução deste ato luminoso, que representa um marco em nossa luta contra os malefícios dos cigarros eletrônicos e demais dispositivos aquecidos de tabaco. Continuaremos firmes na defesa da regulamentação vigente, enquanto instamos os órgãos fiscalizatórios a intensificar seus esforços para coibir o trânsito, a propaganda e a oferta desses produtos, reconhecidamente tentadores, viciantes e prejudiciais à saúde da nossa juventude. Esta ação reforça nosso compromisso em proteger esta e as futuras gerações”, conclui Margareth Dalcolmo.
Apesar dos esforços para conter o consumo de tabaco, com dados compartilhados pelas instituições competentes, relatos impactantes de ex-fumantes e evidências científicas disponíveis por toda a internet, o hábito de fumar voltou a crescer, especialmente entre os jovens, por meio dos cigarros eletrônicos. O uso desses dispositivos desencadeou até mesmo o surgimento de uma nova doença, denominada Evali (Doença Pulmonar Associada aos Produtos de Cigarro Eletrônico ou Vaping), que causa fibrose e outras alterações pulmonares, podendo levar o paciente à UTI, ou mesmo à morte, em decorrência de insuficiência respiratória.
Deste modo, a regulamentação para liberar o uso, o comércio e a publicidade desses produtos, coloca em risco a importante redução da proporção de fumantes no Brasil, que passou de 35% para 9% nos últimos 30 anos. Iluminar o monumento ao Cristo Redentor neste domingo é mais do que um espetáculo visual: é um lembrete vívido dos desafios enfrentados na luta contra o tabagismo. É um chamado à ação para proteger a juventude brasileira dos perigos associados ao uso desses dispositivos.
Texto original da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia, com edição da redação da Agência Nossa.