Poeta da imagem, historiador da fotografia. Morreu nesta segunda-feira (4) aos 88 anos, no Rio, Evandro Teixeira, um dos maiores nomes do fotojornalismo. 

Registrou o Golpe de 64; documentou o golpe de Augusto Pinochet, no Chile; foi o único que conseguiu imagens de Neruda morto e de sua casa depredada pelo golpe; tinha fotos da rainha Elizabeth que ninguém possui.

Evandro Teixeira registrou o golpe militar no Chile. Foto: Reprodução

Baiano, iniciou a carreira em 1958 no jornal O Diário de Notícias, de Salvador. Depois, se transferiu para o Diário da Noite, do grupo dos Diários Associados, de Chateaubriand, no Rio. Em 1963, foi contratado pelo Jornal do Brasil, onde permaneceu por 47 anos.

Foi no JB que conheci Evandro. Era leve, brincalhão, não ostentava a genialidade que tinha, que era. Tive o privilégio de trabalhar com ele dentro e fora da redação, em coberturas jornalísticas relevantes e também em reuniões de pauta e primeira página – ele editor de fotografia, eu editora de Economia. 

O mestre do fotojornalismo mostrou melhor que ninguém a nossa ditadura.

“Ele é um historiador da fotografia. Ele com os cliques dele cruza histórias maravilhosas. Ele conseguia fazer a foto que ninguém conseguia. Tem uma vastíssima documentação de Canudos. Era carinhoso, afetuoso. Teve uma vida bem vivida”, resume o cineasta Silvio Tendler à Agência Brasil. Ele era amigo de Evandro.

Seu corpo foi velado na Câmara dos Vereadores, no Centro do Rio. Evandro deixa duas filhas, Adryana e Carina, que deixam uma mensagem carinhosa no perfil do pai do Facebook:

“Melhor do que as fotos do Evandro Teixeira, só ELE. É ele quem coleciona afetos, histórias, amigos e fãs. É ele quem esbanja generosidade, alegria e uma imensa curiosidade pela vida! O dono do sorriso largo agradece, junto conosco, as orações, vibrações, mensagens e fotos tão bacanas feitas recentemente. Este cara fora de série, único, seguiu seu caminho de luz”.

Reprodução do Facebook.

Texto atualizado em 06/11 com correção: ao contrário do que dissemos, não há registros de Evandro sobre a ditadura militar na Argentina, mas no Chile e no Brasil.