Ao discursar nesta terça-feira, 19 de novembro, no Rio de Janeiro, durante a 3ª Sessão da Reunião de Líderes do G20, que tratou do tema Desenvolvimento Sustentável e Transição Energética, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva propôs a criação do Conselho de Mudança do Clima nas Nações Unidas (ONU). O objetivo da proposta é promover a ampliação da capacidade de articulação da entidade em nível global e, com isso, acelerar a implantação das medidas acordadas nos fóruns internacionais relativas ao combate às mudanças climáticas.

A transição energética e o combate à mudança do clima a são um dos três pilares principais da presidência brasileira no G20, ao lado da Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza e as discussões em torno de uma nova governança global, capaz de promover mais representatividade nas instituições internacionais como um caminho para a estabilidade mundial. Os três temas foram incorporados à declaração final da Cúpula do G20 publicada na noite desta segunda-feira (18).

A segunda foto que reúne os líderes mundiais no G20, desta vez com Joe Biden e sem Javier Milei

“Precisamos de uma governança climática mais forte. Não faz sentido negociar novos compromissos se não temos um mecanismo eficaz para acelerar a implementação do Acordo de Paris. O Brasil convida a comunidade internacional a considerar a criação de um Conselho de Mudança do Clima na ONU, que articule diferentes atores, processos e mecanismos que hoje se encontram fragmentados”, afirmou o presidente brasileiro.“

 O presidente do Brasil também conclamou as lideranças internacionais a aumentar e a antecipar as metas de suas NDCs de modo a neutralizar ao máximo a emissão de gases do efeito estufa. “Aos membros desenvolvidos do G20, proponho que antecipem suas metas de neutralidade climática de 2050 para 2040 ou até 2045. Sem assumir suas responsabilidades históricas, as nações ricas não terão credibilidade para exigir ambição dos demais. Aos países em desenvolvimento, faço um chamado para que suas NDCs cubram toda a economia e todos os gases de efeito estufa. É essencial que considerem adotar metas absolutas de redução de emissões”, declarou Lula.

“O G20 é responsável por 80% das emissões de gases do efeito estufa. Por reconhecer o papel crucial do G20, a presidência brasileira lançou a Força-Tarefa para a Mobilização Global contra a Mudança do Clima. Reunimos, pela primeira vez, ministros de Finanças, Meio Ambiente e Clima, Relações Exteriores e presidentes de Bancos Centrais para discutir como enfrentar o desafio climático. Agora, ao lado do secretário-geral António Guterres, peço o engajamento do G20 na Mobilização Global Conjunta Brasil-ONU para elevar o nível de ambição da próxima rodada de Contribuições Nacionalmente Determinadas. É fundamental que as novas NDCs estejam alinhadas à meta de limitar o aumento da temperatura global a um grau e meio”, alertou o líder brasileiro.

o Brasil se comprometeu, na Conferência das Nações Unidas Sobre Mudanças Climáticas deste ano, a COP29 de Baku – que se encerra dia 22 no Azerbaijão –, a reduzir suas emissões entre 59% e 67% até 2035.

“O Brasil apresentou em Baku sua nova NDC, que abrange todos os gases de efeito estufa e setores econômicos. Assumimos a meta absoluta ambiciosa para 2035 de reduzir emissões de 59% a 67%, comparado a 2005. Já temos uma das matrizes energéticas mais limpas do mundo, com 90% de eletricidade proveniente de fontes renováveis. Somos campeões em biocombustíveis, avançamos na geração eólica e solar e em hidrogênio verde. A maior parte da redução das nossas emissões virá da queda no desmatamento, que diminuiu 45% nos últimos dois anos. Não transigiremos com os ilícitos ambientais. O desmatamento será erradicado até 2030”, afirmou

G20 — Atualmente, além de 19 países dos cinco continentes (África do Sul, Alemanha, Arábia Saudita, Argentina, Austrália, Brasil, Canadá, China, Coreia do Sul, Estados Unidos, França, Índia, Indonésia, Itália, Japão, México, Reino Unido, Rússia e Turquia), integram o G20 a União Europeia e a União Africana. O grupo agrega dois terços da população mundial, cerca de 85% do PIB global e 75% do comércio interna