Pela primeira vez no Brasil, o congresso internacional, Tomorrow Blue Economy, voltado para a economia e sustentabilidade do mar, está sendo realizado em Niterói. A cidade foi escolhida como anfitriã devido à sua localização estratégica e ao compromisso com a sustentabilidade e investimento em saneamento e infraestrutura.
“Niterói se mostrou muito mais do que imaginávamos, mais do que Curitiba escondia, que era sua vocação, seu talento, porque a gente parte da premissa de que para crescer tem que ter acesso ao capital ambiente propício e talento. Descobrimos que Niterói tem muitos talentos, sejam na gestão pública, sejam eles nas universidades, no comércio, no varejo”, afirmou o sócio-diretor do iCities, Beto Marcelino.
A empresa, promotora do evento em parceria com a Prefeitura de Niterói e a Neltur, concentra seus esforços em unir stakeholders para o desenvolvimento de projetos e soluções inovadoras nas cidades.
O prefeito de Niterói, Axel Grael, também participa do evento, e destacou a atividade marítima da cidade. A indústria naval, disse, ele, desbancou o segmento de saúde como setor que mais gera arrecadação na cidade.
“Estamos em um momento crucial para discutir a economia azul, que já representa a 8ª maior economia do mundo e continua a crescer rapidamente. Este tema é mais relevante do que nunca, pois impacta diretamente diversos aspectos de nossas vidas, negócios e o futuro do planeta. Investir em blue economy não é apenas uma oportunidade econômica, mas uma necessidade urgente para promover a sustentabilidade e o uso responsável dos recursos marítimos e aquáticos”, afirma Beto Marcelino, sócio-fundador do iCities.
Na Espanha, o evento de economia azul já é realizado há 5 anos e se tornou uma referência global, atraindo mais de 10 mil participantes de 50 países. É conhecido por trazer palestrantes de peso, como o CEO do World Ocean Council, Paul Holthus. Este ano, no evento global, Holthus irá liderar uma palestra sobre práticas sustentáveis na economia azul e participará de um painel discutindo estratégias para integrar sustentabilidade e crescimento econômico no setor marítimo.
No Brasil, o Tomorrow Blue Economy, que reunirá os diferentes atores do ecossistema, como empresas, setor público e estudantes da área, contará ainda com uma área dedicada ao público corporativo (B2B), focada em conteúdos técnicos e negócios, a fim de garantir não só uma ampla troca de conhecimento, como também muito networking entre os convidados.
Segundo a ONU, mais de 3 bilhões de pessoas dependem dos oceanos para sobreviver, destacando a relevância da chamada economia do mar ou “Economia Azul”. De acordo com o Banco Mundial, o termo “Economia Azul” refere-se ao uso sustentável dos recursos oceânicos para o crescimento econômico, a melhoria dos meios de subsistência e do emprego, preservando a saúde do ecossistema.
Soluções para despoluição das águas
No evento são demonstradas soluções para as águas do mar. Como a caravela desenvolvida pela empresa Infinito Mare, uma solução Baseada na Natureza (SbN) para monitorar e despoluir baías, rios, lagos e outros corpos hídricos. Será a primeira vez em que a Caravela será exposta em tamanho real. Seu sistema é composto por uma estrutura modular flutuante semelhante a uma embarcação que usa algas nativas para identificar a poluição em ambientes aquáticos enquanto estimula a captação de CO₂ e oxigena a água.
A partir da conexão com Internet das Coisas, é possível que uma frota de Caravelas em diferentes regiões de um porto ou baía, por exemplo, permita a detecção de vazamentos e a adoção de medidas complementares de remediação e de controle, permitindo assim identificar exatamente de onde a poluição está vindo.
“Trazer a nossa tecnologia de volta para Niterói, durante um evento global focado na Economia Azul tem um significado singular, pois foi nesta cidade que testamos alguns protótipos em 2022″, explica Bruno Libardoni, oceanógrafo com Ph.D em geociências pela Universidade Federal Fluminense (UFF) e CEO da Infinito Mare.
Além da Caravela, o público poderá ver como funciona uma bicicleta despoluidora. Trata-se da Biclean, uma bicicleta aquática com assistência elétrica e painéis solares, projetada para a coleta de resíduos sólidos e microplásticos em corpos d’água.