Quase uma semana após o incêndio de grandes proporções que escureceu o céu da Ilha do Governador,  no Rio, a Moove, empresa responsável pela planta de lubrificante que pegou fogo,  afirma que não houve vazamento de óleo na Baía de Guanabara. As atividades de logística prosseguem no local, a despeito do pedido do MP para a interdição total da unidade.

O Ministério Público do Rio de Janeiro afirmou no começo da semana que havia relatos preliminares indicando danos à Baía de Guanabara decorrentes do mega incêndio.

Uma força-tarefa de centenas de pessoas conseguiu controlar o incêndio com óleo. Fotos: Divulgação Corpo de Bombeiros RJ

“O único resíduo oleoso encontrado na Baía de Guanabara decorreu exclusivamente do escoamento da água utilizada no combate ao incêndio”, contradiz a companhia, que usa a marca Mobil, da gigante americana Exxon Mobil, antiga dona das instalações. Os ativos da Exxon (Esso no Brasil) foram adquiridos pela Cosan há mais de uma década.

O MP realizou no começo da semana petição à 1ª Vara Cível do Foro Regional da Ilha do Governador requerendo a interdição temporária de qualquer atividade industrial de manipulação, transformação, modificação, transporte, armazenamento e guarda de produtos e resíduos químicos na planta industrial operada pela empresa Cosan Lubrificantes e Especialidades S.A. 

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“A medida se dá em razão do incêndio de grandes proporções ocorrido no último final de semana, que atingiu parte da fábrica localizada no Terminal da Ribeira, Ilha do Governador, zona Norte do Rio de Janeiro”.

Questionada pela Agência Nossa sobre manter atividades no local a despeito da solicitação do MP, a Moove afirma que “todos os órgãos técnicos e fiscalizadores que fizeram as vistorias não apontaram, até o momento, quaisquer riscos adicionais ambientais e populacionais decorrentes do incêndio, bem como não consideraram a necessidade de paralisação das demais atividades”.

Além da solicitação de interdição, o MPRJ instaurou inquérito civil para apurar as causas e consequências do incêndio, bem como eventuais responsabilidades pelo ocorrido. O requerimento de interdição judicial foi formulado no âmbito da ação civil pública que tramita desde 2013, que tem como objeto os danos ambientais pretéritos provocados pela fábrica, anteriormente operada pela Exxon Mobil. 

“A interdição visa prevenir novos danos ambientais e riscos à segurança pública, diante da gravidade dos impactos já constatados. Em caso de descumprimento da determinação judicial, o MPRJ solicita a aplicação de multa diária no valor de R$ 1 milhão”.

A Moove afirmou ainda que “como parte do seu Plano de Emergência Individual (PEI), barreiras para contenção já estavam instaladas desde o início das ações de combate ao incêndio evitando eventuais impactos”.

Para apagar o incêndio de grandes proporções, no último sábado, pelo menos sete batalhões do corpo de bombeiros estiveram envolvidos, além de representantes da Transpetro, braço de logística da Petrobras e outras distribuidoras parceiras e concorrentes da Cosan/Moove.