Com a inclusão de novos indicadores sobre inclusão social, como pessoas em situação de rua, Niterói perdeu o posto de melhor cidade em qualidade de vida do estado do Rio e ficou atrás de cinco cidades fluminenses. Deixada para trás por Resende, Rio, Cordeiro, Carmo e Teresópolis, a Cidade Sorriso saiu da primeira para a sexta posição no ranking do  Índice de Progresso Social (IPS) do ano passado para 2025

No ranking nacional, o município caiu centenas de posições, passando do 133º município com a melhor qualidade de vida (67,31) para o 404º (65,29). Todos os 5.570 municípios brasileiros foram avaliados com base em 57 indicadores sociais e ambientais.

De maneira geral, Niterói obteve nota negativa para indicadores que medem Moradia, Inclusão Social e Cuidados Médicos Básicos. No primeiro, obteve indicadores reprováveis para domicílios com piso e rede elétrica adequados. No segundo, a reprovação é Cobertura Vacinal (Poliomielite). E no terceiro, além da violência contra mulheres já identificada no IPS de 2024, foi identificada neste ano a vulnerabilidade de famílias em situação de rua, item que não constava da pesquisa anterior.

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Bases comparativas dos indicadores serão divulgadas nos próximos dias pelos pesquisadores responsáveis pelo IPS no Brasil. Mas a Agência Nossa apurou que em 2025 o IPS ganhou cinco novos indicadores, em uma tentativa de aumentar sua precisão e de ser mais completo. Dos novos indicadores – Resposta ao Benefício Previdenciário, Consumo de Alimentos Ultraprocessados, Índice de Vulnerabilidade das Famílias,  Resposta a Processos Familiares e Famílias em Situação de Rua – Niterói ficou com avaliação negativa nos dois últimos. 

O IPS Brasil de 2025 foi construído a partir de 57 indicadores oficiais, formados por dados públicos de diversas fontes como Censo, SUS, INEP, organizados em três grandes dimensões: Necessidades Humanas Básicas; Fundamentos do Bem-Estar e Oportunidades. 

Foto: Divulgação Prefeitura de Niterói

Desenvolvido pelo Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), em parceria com outros centros de pesquisa, o levantamento tem uma metodologia global a partir de trabalho de especialista de Harvard Business School e foi publicado pela primeira vez no Brasil no ano passado.

Embora a comparação numérica entre um ano e outro não seja exatamente comparável, pela mudança metodológica, o critério foi modificado para todos, não impossibilitando a comparação entre outras cidades.

Indicadores positivos para Meio Ambiente, Direitos Individuais e acesso à internet 

“No caso de Niterói, o índice de famílias em situação de rua e violência contra mulher são questões que precisam ser enfrentadas com políticas mais efetivas. Municípios que conseguiram reduzir essas vulnerabilidades se destacaram no ranking estadual”, afirmou à Agência Nossa a coordenadora técnica do Índice de Progresso Social (IPS) Brasil, Melissa Wilm.

Por outro lado, Niterói é considerada a 12º melhor cidade do país e a 2ª do estado no índice de qualidade do meio ambiente. Já em acesso à educação superior ficou em 62º lugar no país e em 5º no ranking estadual. Outros pontos fortes são saneamento, direitos individuais e comunicação (cobertura de internet).

“Niterói foi muito bem em áreas como comunicação, meio ambiente e acesso à educação superior, mas teve baixas importantes em inclusão social, o que puxou sua média para baixo. Como o índice é composto por 12 componentes distribuídos em três dimensões, é fundamental ter desempenho consistente em todas elas”, afirma Wilm.

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De maneira geral, Niterói tem mais tópicos positivos e aprovados do que negativos – são 7 contra 3. Mas nada comparado às pesquisas mais voltadas a indicadores socioeconômicos, que incluem PIB e renda per capita, que colocam Niterói no topo devido ao quesito renda. Esta variável impulsiona por Niterói por exemplo no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). No IPS os pesquisadores não avaliam renda nem outros indicadores econômicos, mas somente sociais e ambientais.

“Niterói foi muito bem em áreas como comunicação, meio ambiente e acesso à educação superior, mas teve baixas importantes em inclusão social, o que puxou sua média para baixo. Como o índice é composto por 12 componentes distribuídos em três dimensões, é fundamental ter desempenho consistente em todas elas — não basta ir bem em uma ou duas”, afirma Wilm.

Procurada pela Agência Nossa, a Prefeitura de Niterói não comentou os resultados do estudo deste ano. Mas destacamos como contraponto a fala recente do Prefeito de Niterói sobre as ações da Prefeitura para a inovação e tecnologia.

“Estamos fazendo o plano Niterói 2050, que é pensar a cidade para os próximos 25 anos. Temos como prioridade desse novo ciclo a transição da economia. Precisamos transformar a cidade do ponto de vista da sua economia, deixar de ser uma cidade com a economia do século XX, do petróleo, dos royalties, para uma economia do conhecimento, da inovação, da tecnologia, uma economia criativa e de serviço”, disse o prefeito Rodrigo Neves em evento de lançamento de programa de incentivo ao cinema na cidade, no último dia 16. As políticas públicas da cidade para fomento e geração de renda são reconhecidas mundialmente e Neves foi reconhecido pela ONU como sua atuação na pandemia, com programas que evitaram a falência de empresas e empregos durante o isolamento social.

Neves também lembrou das ações da cidade para resgatar jovens da violência. Menos violenta, a cidade é uma das poucas do estado sem territórios dominados por milícias. A coordenadora técnica do IPS Brasil destaca que a segurança pessoal e a violência contra jovens continuam sendo pontos críticos em grande parte do estado.

Texto editado por Sabrina Lorenzi