O prefeito de Niterói recebeu, nesta terça-feira (12), representantes do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) para mais uma etapa de alinhamento sobre a implantação do Programa Vida Nova no Morro, que promoverá ações de urbanização e melhorias habitacionais em comunidades da cidade com financiamento de R$ 700 milhões.
Na véspera, à noite, diversas equipes de assistentes sociais, algumas em comboio com agentes da Guarda Municipal, realizaram abordagens a pessoas em situação de rua. Nos bairros do Ingá, Centro e Gragoatá foram contabilizadas pelo menos três equipes simultaneamente. O movimento de assistência foi atípico segundo voluntários da sociedade civil e pessoas que moram nas ruas.
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Em uma das abordagens, um psicólogo com o uniforme da Prefeitura de Niterói tentava convencer um casal a deixar as ruas e ir para um abrigo. O casal se recusou, alegando que há brigas no local. Enquanto conversavam, do outro lado de uma rua no Ingá, sacos grandes com pertences de pessoas que habitam o local eram recolhidos e jogados no caminhão de lixo, conta uma voluntária que na hora realizava uma ação social e missionária.
Com a inclusão de novos indicadores sobre inclusão social, como pessoas em situação de rua, Niterói perdeu o posto de melhor cidade em qualidade de vida do estado do Rio e ficou atrás de cinco cidades fluminenses. Deixada para trás por Resende, Rio, Cordeiro, Carmo e Teresópolis, a Cidade Sorriso saiu da primeira para a sexta posição no ranking do Índice de Progresso Social (IPS) do ano passado para 2025.
O movimento de equipes de assistentes sociais foi atípico.
População de rua em Niterói cresceu significativamente e afetou indicador que mede qualidade de vida. Foto: Arquivo Agência Nossa
Pessoas que vivem nas ruas e voluntários da sociedade civil que costumam alimentar esta população com frequência relatam que mesmo no frio não costumam se deparar com equipes de assistentes sociais da Prefeitura, tampouco três vezes em uma mesma noite.
“É que amanhã vem gente importante visitar Niterói, então estão fazendo a limpa”, afirmou um cidadão niteroiense que trabalha em condomínio do Ingá.
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Ele não sabia que a delegação do BID vinha à cidade.
Durante a visita, o chefe da equipe do BID, Diego Arcia, especialista sênior em Desenvolvimento Urbano e Habitação, reforçou que Niterói já conta com diversos programas sociais em curso e que isso facilita investimentos futuros.
Além do prefeito, participaram da reunião a primeira-dama e gestora do Escritório de Políticas Transversais de Direitos e Cuidados, Fernanda Sixel; o secretário de Ordem Pública, Gilson Chagas; a secretária de Habitação, Marcele Sardinha; e o arquiteto, urbanista e consultor da Prefeitura de Niterói, Sergio Magalhães.
O prefeito Rodrigo Neves destacou que o Vida Nova no Morro vai mudar a realidade das comunidades de Niterói.
Programa terá R$ 700 mi do BID
Segundo o site da Prefeitura, os consultores do banco de fomentam acompanham e orientam a fase de preparação para obtenção do financiamento do programa, de cerca de R$ 700 milhões, com contrapartida do município de cerca de R$ 150 milhões.
“Estamos em um bom caminho. Acho que o programa, ao integrar a dimensão habitacional urbana com a dimensão da segurança cidadã, é uma grande contribuição aos desafios que as cidades da América Latina enfrentam”, afirmou o prefeito, de acordo com o site.
O especialista em Segurança Cidadã do BID, Fernando Cafferata, reforçou os avanços de Niterói na área de segurança pública e no uso da tecnologia. Segundo ele, integrar a área urbana com a área de segurança é uma perspectiva moderna.
Com o Vida Nova no Morro, a Prefeitura de Niterói vai realizar obras de drenagem, pavimentação, contenção de encostas, além de melhorias habitacionais nas comunidades da cidade. O programa prevê ainda a criação de equipamentos como o Galpão das Oportunidades e o Centro de Formação Popular Vida Nova.
Nesta semana a Prefeitura de Niterói também anunciou o Programa de Educação de Jovens e Adultos para pessoas em situação de rua. Por meio da Secretaria e Fundação Municipal de Educação e da Secretaria Municipal de Assistência Social e Economia Solidária, a iniciativa tem como objetivo garantir o acesso, a permanência e a conclusão da escolarização básica de jovens, adultos e idosos, fortalecendo as políticas de redução das desigualdades e promoção da cidadania.
O programa, segundo a Prefeitura, vai assegurar o direito à educação básica à população em situação de rua, fomentando processos de inclusão social e fortalecimento da cidadania, através de metodologias adaptadas, com flexibilidade de tempo, espaço e currículo, respeitando as trajetórias de vida e aprendizagem dos participantes. A adesão ao programa será de forma voluntária, mediante matrícula simplificada. Além do acompanhamento pedagógico, será oferecido suporte de equipe multidisciplinar composta por educadores, assistentes sociais e outros profissionais.