Uma das pesquisas mais tradicionais do mundo corporativo revela que o maior entrave das empresas para gerir riscos de questões sociais, ambientais e de governança vem dos seus parceiros terceirizados.

Para 71% das empresas brasileiras ouvidas pela consultoria global PwC, o maior desafio relacionado à gestão de riscos ligados a ESG é a incapacidade de monitorar ou relatar com precisão as métricas de parceiros de negócio terceirizados. No mundo, esse índice é de 42%.

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A Pesquisa Global sobre Fraudes e Crimes Econômicos da PwC edição de 2022, com cerca de 1,2 mil companhias, indica ainda que o Brasil se tornou campeão neste tema: 62% das organizações brasileiras (46% no mundo) relataram ter sofrido algum tipo de fraude ou outro crime econômico nos últimos 24 meses. 

“É a primeira vez que o Brasil destoa do cenário global com esse volume de pontos percentuais. Nas edições anteriores da pesquisa os índices Brasil e global foram, respectivamente, 46% e 47%, em 2020, e 50% e 49%, em 2018”, aponta um sumário do estudo obtido pela Agência Nossa.

Com índices importados, ESG no Brasil deixa de fora desmatamento, corrupção e fome

Um dos responsáveis pela pesquisa, o sócio da PwC Brasil Adriano Vargas explica que as fraudes aumentaram mais no Brasil principalmente devido ao trabalho remoto, à digitalização na pandemia, que levou a maior percepção de ameaças mas também a cortes de orçamentos para combatê-las em razão da crise.

Quanto a fraudes em relatórios ESG, 74% das empresas brasileiras ouvidas estão preocupadas que essa fraude parta de concorrentes, 73% de terceiros e 70% dos funcionários da própria organização. No mundo, esses índices são, respectivamente, 43%, 44% e 43%.

Compromissos de frigoríficos se repetem após 10 anos

Adriano Vargas avalia que o problema do monitoramento de  terceiros não é exclusivo do Brasil, ainda que entre empresas brasileiras seja apontado com maior magnitude como explicação de potenciais riscos.

“Se estiver buscando relacionamento (parceria) e (o terceiro) reportar que tem política de RH e isso não é verdade, corro o risco de me associar a essa farsa”.

 

A pesquisa, que funciona há 20 anos como termômetro de tendências, levantou questões como: os controles em vigor são suficientes para a gama de novas tecnologias digitais que está sendo implantada? As empresas estão gerenciando riscos relacionados a um ambiente de trabalho híbrido que veio para ficar? Adotaram políticas e incentivos apropriados na transição do período de pandemia para um ambiente econômico incerto? Qual é, exatamente, o risco de fraude que as organizações enfrentam hoje?

 Os pesquisadores levantaram questões como: os controles em vigor são suficientes para a gama de novas tecnologias digitais que está sendo implantada? As empresas estão gerenciando riscos relacionados a um ambiente de trabalho híbrido que veio para ficar? Adotaram políticas e incentivos apropriados na transição do período de pandemia para um ambiente econômico incerto? Qual é, exatamente, o risco de fraude que as organizações enfrentam hoje?

A pesquisa detecta que empresas brasileiras são mais atuantes em lidar com riscos de fornecedores, embora sejam também conscientes de seus problemas: 94% disseram que monitoram proativamente os riscos na cadeia de fornecedores, enquanto no mundo 78% dos entrevistados dizem o mesmo.

 Também são mais otimistas neste ponto: 94% das empresas brasileiras ouvidas avaliam ter capacidade de remediar rapidamente fraudes ou conduta imprópria na cadeia de fornecedores; no mundo esse índice é de 78%.

Reportagens recentes da Agência Nossa mostram a dificuldade de alguns segmentos e companhias que, embora apresentem selos e bons indicadores de práticas ESG, persistem em problemas cruciais como desmatamento e corrupção. Na cadeia de produção de carne, por exemplo, frigoríficos têm dificuldade de monitorar boas práticas de seus fornecedores.