Entre os esforços para aperfeiçoar a gestão dos impactos socioambientais da indústria de óleo e gás, as petroleiras buscam parcerias junto ao Ibama. Em evento no Rio, empresas e órgão ambiental expuseram as iniciativas de diálogo, no âmbito de um plano comum.
“A novidade do plano macro é que temos o Ibama em diálogo com as operadoras do setor. No âmbito do Comitê de Coordenação Interinstitucional, fizemos mais de 24 encontros, dois seminários e um total de 280 horas de mesa de diálogo”, explicou a analista Socioambiental Sênior da TotalEnergies, Mônica Brito.
Para o analista Ambiental do Ibama, Julio Cesar Dias o plano macro é uma diretriz para o alinhamento entre equipes distintas, criado de forma coletiva há quatro anos. “A ideia é promover inovações administrativas e técnicas que favoreçam a previsibilidade em processos de licenciamento e avanços em metodologias para a avaliação e mitigação de impactos ambientais”, ressaltou.
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Segundo Rafael Guerreiro, gerente de Manutenção e Pós Licença E&P da Petrobras, a consolidação de dados é complexa e o plano maco vai auxiliar a reunir informações, otimizando recursos. “O objetivo é qualificar o debate público sobre gestão ambiental e sobre os impactos da indústria do petróleo como um todo”, afirmou.
A manhã do último dia de debates do ESG Energy Forum tratou de temas como a integração das demandas econômicas com a agenda ESG, a proteção ambiental na costa brasileira e a integração do setor com os órgãos ambientais para a criação do plano macro para mitigação dos impactos socioambientais. O evento, promovido pelo Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP), ocorreu nesta semana no Rio de Janeiro.
Indicadores e demandas
Integrar os indicadores econômicos e as demandas do mercado financeiro com as estratégias corporativas para a agenda ESG das empresas também foi tema do evento.
Para Gilberta Lucchesi, vice-diretora financeira da Repsol Sinopec Brasil, é preciso aliar sustentabilidade e segurança energética como forma de viabilizar o crescimento econômico, em um cenário em que o mundo ainda precisa de óleo e gás para manter se produtivo
O presidente da Karoon Energy no Brasil, Antonio Guimarães, afirmou que “precisamos atuar com visão de segurança energética e trabalhar a eficiência, porque todos nós, empresas e consumidores vamos ter que reduzir nosso consumo de energia.
Oceano
De ações para preservação da biodiversidade marinha ao uso de novas tecnologias que geram conhecimento ou ajudam em casos de respostas a incidentes em alto mar foram os assuntos debatidos no painel “Proteção Ambiental dos Oceanos e da Costa Brasileira”.
Flavio Andrade, presidente da OceanPact, ressaltou a necessidade de fomentar a proteção dos oceanos e da costa, por meio do desenvolvimento e uso de tecnologias.
Um dos projetos com esse objetivo é o de monitoramento de correntes superficiais, da OceanPact, realizado nas bacias de Campos e de Santos. Com ajuda de três antenas e um radar de alta frequência, a empresa consegue medir correntes numa área de até 300 quilômetros da costa, em tempo real, auxiliando as respostas de emergência em alto mar.
“Com essa ferramenta e o conjunto de dados que já temos de satélites, além das informações de temperatura do mar e outros dados pontuais, conseguimos estabelecer para onde está indo uma mancha de óleo ou até mesmo localizar um homem ao mar ou embarcação à deriva”, explica Flavio Andrade.
A Subsea7 também utiliza a tecnologia na busca de mais conhecimento sobre o oceano, pensando em sua preservação. A BORAbox coloca sensores a mais de 6 mil metros do fundo do mar para medir temperatura, salinidade e profundidade, com transmissão de dados diariamente.
“O equipamento nos ajuda a compreender o impacto das mudanças climáticas nos ecossistemas e no meio ambiente e ajudar a comunidade científica”, conta Laila Abdel-Rehim.
Além de gerar conhecimento sobre o oceano, o monitoramento da região costeira também ajuda a preservar a biodiversidade. É o que faz, por exemplo, a VAST. Desde 2008, a empresa monitora 62 quilômetros de praia, no Norte do Rio de Janeiro, identificando os ninhos existentes de tartarugas, acompanhando o nascimento dos filhotes e oferecendo cuidados aos animais que precisarem de tratamento. Ao todo, o projeto já liberou mais de 1 milhão de filhotes ao mar.