O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) deixou de receber R$ 20,45 bilhões em dividendos da Petrobras, desde que vendeu suas ações ordinárias (ON) e parte de suas ações preferenciais (PN), entre janeiro e fevereiro de 2020. O valor equivale a 90% do montante de R$ 22,46 bilhões arrecadados na operação, que foi a maior oferta de ações da década do mercado brasileiro.
O levantamento é do Observatório Social do Petróleo (OSP) e refere-se aos dividendos distribuídos pela Petrobras no período fiscal que vai de 2019 até o primeiro trimestre de 2023, com duas parcelas ainda a serem pagas até o dia 27 de dezembro deste ano (os dividendos de 2019 foram pagos em julho de 2020).
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“Coincidente, foi nesse período logo após a venda das ações do BNDES que a Petrobrás passou a pagar dividendos recordes a seus acionistas”, afirma o economista Eric Gil Dantas, do OSP e do Instituto Brasileiro de Estudos Políticos e Sociais (Ibeps).
O BNDES vendeu, em 2020, um total de 760.551.399 ações, a R$ 29,53 cada uma, somando R$ 22,46 bilhões, um valor muito próximo do que deixou de ganhar em dividendos desde que alienou suas ações.
“Praticamente, o BNDES perdeu em três anos o montante que ganhou com a venda das ações da Petrobrás, que foram para as mãos de outros acionistas. Essa política do governo Bolsonaro de privatizar tudo o que fosse possível sem olhar as suas consequências causou muitos prejuízos ao país e, com certeza, essa venda de ações do BNDES foi um dos maiores”, declara Dantas.
No cálculo, são considerados os valores nominais líquidos tanto de dividendos quanto juros sobre capital próprio.
“O objetivo do cálculo era mostrar o quanto o bndes perdeu por se desfazer de ações da Petrobras em fevereiro de 2020, na época do privatismo tosco do Paulo Guedes”, afirmou.