Depois de vender todos os ativos de biocombustíveis durante os governos Temer e Bolsonaro, a Petrobras volta com força para as fontes renováveis. A companhia sob o comando de Jean Paul Prates na era Lula mais que dobrou os investimentos previstos para projetos de baixo carbono, informa seu plano estratégico anunciado hoje ao mercado. 

A empresa, que tem como acionista majoritário o Estado brasileiro, anunciou US$ 11,5 bilhões para projetos de baixo carbono nos próximos cinco anos, com espaço para projetos bilionários para fontes solar e eólica, não incluídas nos  planos anteriores.  Energia eólica estava na rubrica de estudos no planejamento anterior, com menos de US$ 0,1 bilhão, e a solar não era citada até então.

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Ao todo são US$ 5,5 bilhões para geração de energia renovável, para a qual também estão previstos projetos de hidrogênio e de tecnologia de captura, utilização e armazenamento de carbono (CCUS). Para projetos de descarbonização estão previstos 3,9 bilhões, além do biorrefino, com mais US$ 1,5 bilhão. Para pesquisa e desenvolvimento nesta área, são US$ 700 milhões.

“A Petrobras está voltando a investir em projetos de novas energias. Vamos escolher projetos rentáveis, priorizando parcerias para redução de risco e compartilhamento de aprendizados. Com esta nova frente, queremos também desenvolver as vantagens competitivas regionais do Brasil”, afirma Prates, em nota à imprensa,  Prates.

Maurício Tolmasquim: investimentos da Petrobras em baixo carbono quase triplicaram

O diretor de Transição Energética e Sustentabilidade, Maurício Tomalquim, afirmou que entre os alvos são projetos de eólica offshore e de solar onshore, com menor custo. Ele destacou a importância de geração de energia limpa e barata para a competitividade do País e aposta no hidrogênio verde, que em 2030 já deverá ter no Brasil seu preço mais competitivo.

“Preciso de energia barata para ter hidrogênio barato e de hidrogênio barato para ter amônia barata”, disse o executivo. Ele afirmou que a Petrobras acaba de assinar um contrato de venda de amônia com uma empresa norueguesa. O grande gargalo deste mercado, atualmente, é justamente a conseguir comprador, devido aos elevados preços do produto verde, bem maior que os valores dos insumos tradicionais.

Fonte e arte: Petrobras/Divulgação do Plano Estratégico 2024-2028

A empresa criou neste ano a diretoria de Transição Energética e Sustentabilidade e a ocupou com Tolmasquim, conhecido pela larga experiência no setor de energia e conhecimento em renováveis. 

No plano, a Petrobras confirmou no plano a construção de uma biorrefinaria no polo Gaslub, antigo Comperj, em Itaboraí, no Rio de Janeiro. Será mais uma planta para produzir diesel verde e bioquerosene de aviação, assim como já está em andamento a RPBC, em Cubatão.

Com os pesados investimentos em renováveis, a previsão da Petrobras é aumentar a parcela do investimento de baixo carbono no Capex total dos atuais 6% para 11%. Na média do período entre 2024 e 2028, essa participação será de 11% do investimento total.

 

A empresa mantém a ambição de neutralizar as emissões nas atividades sob seu controle até 2050. E se compromete a influenciar parceiros a atingir a mesma ambição, estabelecendo, por exemplo, que 70% dos fornecedores relevantes tenham seu inventário de emissões (GEE) publicado

Outra meta relevante no âmbito ESG (Meio Ambiente, Social e Governança na sigla em inglês) é ocupar com 30% de mulheres o Conselho de Administração (CA), Diretoria Executiva (DE) e Conselho Fiscal (CF) até 2026.

Também propõe a queima de flare. Também entre as metas, a redução das emissões absolutas operacionais totais em 30%2 até 2030 (54,8 MM ton/ano) e zero queima de gás em flare até 2030. A queima de flare tem sido consideravelmente reduzida nos últimos anos graças principalmente à tecnologia de reinjeção de gás aos poços de petróleo. A previsão é reinjetar 80 milhões tCO2 até 2025 em projetos de CCUS.

Outras metas que a Petrobras prevê no plano de negócios (texto da Petrobras):

Proteger o meio ambiente

– Ambição de zero vazamento

– Redução de 40%3 da nossa captação de água doce até 2030 (91 MM m3/ano)

– Redução de 30%3 na geração de resíduos sólidos de processo até 2030 (195 mil ton/ano)

– Destinação de 80% dos resíduos sólidos de processos para rotas de Reuso, Reciclagem e recuperação (RRR)4 até 2030

– Alcançar ganhos de biodiversidade até 2030, com foco em florestas e oceanos

– 100% das instalações Petrobras com planos de ação em biodiversidade até 2025

– Impacto líquido positivo em áreas vegetadas até 2030

– Aumento em 30% dos esforços de conservação da biodiversidade

Cuidar das pessoas

– Ambição de zero fatalidade

– Proporcionar retorno à sociedade de no mínimo 150% do valor investido nos projetos socioambientais voluntários5 (até 2030)

– Estar entre as três empresas de O&G mais bem colocadas no ranking de Direitos Humanos até 20306

– Diversidade:

  •  Mulheres na liderança: 25% em 2030
  •   Cor e raça na liderança: 25% em 2030

– Implementar 100% dos compromissos do Movimento Mente em Foco (Pacto Global da ONU) até 2030

– Alcançar mais de 50% de empregados fisicamente ativos (EFA) contribuindo para uma vida mais saudável e produtiva até 2028

 

Texto atualizado em 24/11 com declarações e informações da coletiva de imprensa