No encerramento do primeiro G20 Social da história, promovido em seu governo, o presidente Lula defendeu que a Cúpula de Chefes de Estado, nos próximos dias, discuta medidas para promover jornadas de trabalho mais equilibradas. O tema está em polvorosa nas redes sociais desde a semana passada, e ganhou força uma PEC que prevê a abolição da jornada 6X1.
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De autoria da deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP), a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) quer acabar com a possibilidade de trabalhadores terem apenas uma folga por semana. Neste contexto, em uma cerimônia aberta por representantes de movimentos sociais – sem terra e catadores –, Lula fez uma breve provocação sobre o assunto.
“O neoliberalismo agravou a desigualdade econômica e política que hoje assola as democracias. O G20 precisa discutir uma série de medidas para reduzir o custo de vida e promover jornadas de trabalho mais equilibradas.
O presidente destacou o ineditismo do G20 Social, lembrando que nos últimos três dias, pela primeira vez na trajetória do G20, a sociedade civil de várias partes do mundo se reuniu para formular e apresentar suas demandas à Cúpula que reúne os 19 chefes de estado das maiores economias do mundo e a União Europeia e Africana.
Nos dezesseis anos desde a primeira Cúpula, o G20 se consolidou como o principal fórum de cooperação econômica mundial e como importante espaço de concertação política.
“Mas a economia e a política internacional não são monopólio de especialistas e nem de burocratas. Elas não estão só nos escritórios da Bolsa de Nova York ou da de São Paulo, nem só nos gabinetes de Washington, Pequim, Bruxelas ou Brasília.Elas fazem parte do dia a dia de cada um de nós, alargando ou estreitando as nossas possibilidades”, disse, ovacionado
O G20 Social no Rio de Janeiro contou com cerca de 50 mil participantes em três dias de evento, com 271 atividades autogestionadas que debateram 300 temas. O evento terá continuidade na África do Sul, próximo país a sediar o G20.
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“Isso aqui foi um momento muito significativo, e ele foi possível por causa da sensibilidade e determinação política do presidente Lula. Só um presidente com a característica do Lula é capaz de colocar na agenda da discussão mundial, no centro, os movimentos sociais e o povo”, afirmou o ministro Márcio Macedo, um dos coordenadores do evento.
A declaração final do G20 Social, que será entregue aos chefes de estado no G20, afirma a necessidade “inadiável de reforma das instituições internacionais para que reflitam a realidade geopolítica contemporânea”.
“Em especial, a reforma do Conselho de Segurança da ONU é imprescindível para garantir a diversidade de vozes globais e promover soluções mais equilibradas e eficazes frente aos desafios atuais”, diz a carta, entregue ao presidente Lula.
A carta consolida as demandas da sociedade civil à Cúpula de Líderes.
“Este é um momento histórico para mim e para o G20. Ao longo deste ano, o grupo ganhou um terceiro pilar, que se somou aos pilares político e financeiro: o pilar social, construído por vocês. Aqui tomam forma a expressão e a vontade coletiva, motivadas pela busca de um mundo mais democrático, justo e diverso”, destacou Lula, lembrando que dialogou pessoalmente com os representantes de cada grupo de engajamento do G20.
Reforma na ONU
O chanceler Mauro Vieira, responsável pela articulação diplomática do encontro, destacou na abertura do evento a importância de reduzir as desigualdades com uma nova visão sobre a economia.
“Não podemos continuar com um mundo governado pela geopolítica e este encontro no Rio, a capital do G20, chama a atenção neste momento. O presidente Lula tem dito que o mundo não pode continuar a ser governado pela geopolítica que resultou do flagelo da segunda Guerra Mundial em 1945 e que levou à situação que vivemos, em que não se pode parar os atos de violência, mortes e guerras que se vê em todas as regiões, seja no Oriente Médio, seja na Europa”.
Texto atualizado com informações sobre a reforma da governança global