O tarifaço prometido por Donald Trump sobre produtos importados pelos EUA mira 110 mil empregos brasileiros, mas o PIB americano recua mais. Levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI) calcula que o PIB dos Estados Unidos pode cair 0,37% em razão das barreiras tarifárias impostas ao Brasil, à China e a outros 14 países.
De acordo com o levantamento, a medida poderá reduzir em 0,16% o PIB do Brasil, assim como o da China, além de provocar uma queda de 0,12% na economia global e uma retração de 2,1% no comércio mundial.
Na prática, o Brasil poderá perder R$ 52 bilhões em redução das exportações, com o fechamento de 110 mil postos de trabalho. Para o economista da FGV, André Braz, o Brasil é mais vulnerável nesta situação.
“Isso pode afetar diretamente o mercado de trabalho, à medida que empresas brasileiras, diante da retração do mercado externo, são forçadas a redimensionar sua produção”, afirmou à Agência Nossa.
A terceira maior fabricante de aeronaves do mundo, atrás apenas da Boeing e da Airbus, a Embraer estima que o tarifaço anunciado pelos Estados Unidos contra o Brasil poderá causar um impacto na companhia similar ao da pandemia de covid-19. As exportações para clientes estadunidenses representam 45% da produção de jatos comerciais e 70% de jatos executivos da companhia.
“Avião não é commodity. O maior mercado de avião executivo é nos Estados Unidos. Não tem como reposicionar isso para outros mercados”,afirmou o diretor executivo da companhia (CEO), Francisco Gomes Neto, segundo a Agência Brasil.
Segundo a CNI, os setores mais prejudicados com a tarifa sobre o Brasil deverão ser o da indústria de tratores e máquinas agrícolas (redução de 4,18% na produção e 11,31% nas exportações); indústria de aeronaves, embarcações e equipamentos de transporte (queda de 9,1% na produção e 22,3% nas exportações); e dos produtores de carnes de aves (diminuição de 4,1% na produção e 11,3% nas exportações).
Produtores de petróleo e café também serão afetados, mas commodities tendem a ter mais liquidez e podem ser exportadas com mais facilidade para outras regiões do globo.
Os estados brasileiros mais afetados deverão ser São Paulo (queda de R$ 4,4 bilhões no PIB), Rio Grande do Sul (R$ 1,9 bilhão), Paraná (R$ 1,9 bilhão), Santa Catarina (R$ 1,7 bilhão) e Minas Gerais (R$ 1,6 bilhão).
Os EUA são o terceiro maior parceiro comercial do Brasil, sendo o destino de 12% das exportações brasileiras e a origem de 16% das importações. Também são o principal destino das exportações da indústria de transformação nacional, correspondendo a 78,2% das exportações em 2024.
Com informações da Agência Brasil