A Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais por meio da sua assessoria de imprensa informou à Agência Nossa que de um ano para outro passou de 40 a 80 o total de cidades mineiras com monitoramento da água para o parâmetro agrotóxico. A secretaria explicou que a ampliação se deve à capacidade de análise do laboratório do estado, o Laboratório Central de Saúde Pública do Estado de Minas Gerais (Lacen-MG), e com a predisposição de contaminação pelos municípios.
“O quantitativo de municípios a serem monitorados considera a capacidade analítica anual do Laboratório Central de Saúde Pública – LACEN-MG, priorizando os municípios mais susceptíveis à contaminação por utilização dos agrotóxicos em água para consumo humano no estado de Minas Gerais, de forma que em 2019, dos 40 propostos, 40 realizaram e em 2020, dos 80 propostos, 80 executaram. O planejamento é baseado nas competências legais da normativa vigente, Portaria de Consolidação nº 5/2017 – Consolidação das normas sobre as ações e os serviços de saúde do Sistema Único de Saúde, Diretrizes e Orientações técnicas de Vigilância da qualidade da água para consumo humano e das populações expostas aos agrotóxicos (Ministério da Saúde, 2016-2018).”
Apesar da melhora, o estado monitora apenas 10% dos seus 853 municípios.
O responsável pelas análises no estado, o laboratório da Fundação Ezequiel Dias (Funed), localizado na capital, Belo Horizonte, analisou 21 dos 27 agroquímicos presentes na portaria do Ministério da Saúde.
Minas Gerais é um dos poucos estados que realizam suas análises por conta própria, sem depender da estrutura de laboratórios de referência do Ministério da Saúde. A Fundação Ezequiel Dias (Funed), de Minas Gerais passou a analisar também análises de outros estados, segundo a Fiocruz.
“O laboratório de resíduos de pesticidas da Funed analisou 156 agrotóxicos em 2020, dos quais 21 estão presentes no Anexo XX da PRC nº 5 de 2017 do MS, com valores máximos permitidos variando de 1,2 μg/L a 180 μg/L.”
Apesar de outros estados do Brasil relatarem interrupções nas análises em meio à pandemia, a secretaria estadual de Minas afirmou que o estado seguiu o cronograma e que apenas alguns municípios tiveram dificuldades.
“Em Minas Gerais, as análises seguiram o cronograma acordado entre a Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG) e a Funed. Alguns municípios apresentaram dificuldades na coleta das amostras devido à sobrecarga de trabalho relacionado à pandemia da Covid-19.”
Minas preocupa pesquisadores
O estudo “Panorama da Contaminação Ambiental por Agrotóxicos e Nitrato de origem Agrícola no Brasil Cenário 1992/2011”, publicado em 2014, dos pesquisadores Robson Barizon e Marco Gomes, apontou que Minas Gerais despertava atenção sobre o seu cenário de possível contaminação das águas por agrotóxicos, por ser parte dos estados que possuem uma agricultura intensiva.
“Os estados de São Paulo, Minas Gerais e Paraná são os que mais apresentam casos de ocorrência de organoclorados, em função da predominância da cultura do café nestas regiões no período em que o uso dos organoclorados ainda era permitido. No entanto, alguns estudos indicam o uso indevido de tais produtos atualmente, principalmente nas áreas cultivadas com cana-de-açúcar.”