O professor dos cursos de pós-graduação da Escola de Economia São Paulo da Fundação Getúlio Vargas (EESP-FGV) Renan Pieri entende que uma nova contribuição obrigatória, como a taxa negocial, pode melhorar a situação financeira dos sindicatos, mas não vai solucionar a crise. Para ele, as entidades precisam “mostrar serviço” para ganhar a simpatia e a colaboração dos trabalhadores, principalmente por meio de acordos mais vantajosos.
Diante das perdas provocadas após a reforma trabalhista, as centrais pressionam o Congresso pela criação de uma taxa negocial. A nova contribuição seria descontada após os acordos coletivos na medida em que o sindicato aprovasse um reajuste e cláusulas sociais.
“O melhor caminho é focar mais nos resultados e nas questões trabalhistas. Os sindicatos têm que fazer um trabalho de relações públicas para atrair mais filiados, mas estão muito atrelados a uma militância de esquerda, o que incomoda parte de suas categorias”, afirma Pieri.
Com a Lei 13.467/2017, que reformou a Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), as perdas na arrecadação dos sindicatos superam 80%, revelam dados do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Um ano após a Reforma Trabalhista, sindicatos brasileiros demitem trabalhadores em massa.
O presidente eleito do Sindicato dos Trabalhadores em Entidades Sindicais do Rio de Janeiro (Sintesi-RJ), Paulo Sérgio Rodrigues de Araújo, critica o que chama de “acomodação” das entidades quando o imposto sindical era recolhido compulsoriamente. Sua organização trata os demais como patrões dos seus filiados e os acusa de também estarem se amparando na Reforma Trabalhista para demitir sem homologar no sindicato a que eles pertencem.
“Criou-se uma situação contraditória em que as entidades estão fazendo o que sempre condenaram. Isso não seria tão drástico se os sindicatos principalmente da iniciativa privada tivessem buscado outras fontes de arrecadação ao longo do tempo”, afirma Araújo.
A Federação Nacional dos Trabalhadores em Entidades Sindicais (Fites), que também engloba empregados de sindicatos patronais, fez um levantamento em meados deste ano e calculou em cerca de 6 mil as demissões ocorridas nos 24 meses anteriores na categoria. Apesar de não terem um dado mais atual, a entidade acredita que o número vem aumentando. O diretor de Política Sindical, Edilson Santos Severino, também critica a forma como foi desenvolvida a atividade sindical no Brasil. “Houve uma acomodação e não é à toa que vemos agora uma correria total”, ressalta ele.