Famílias mais ricas consomem uma quantidade de pizza sete vezes maior que os brasileiros de menor renda, revelam dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. O extrato de renda mais baixo investigado aponta para um consumo de 1,8 gramas de pizza, enquanto o quartil de renda mais alta revela ingestão de 12,5 gramas por dia. Doces, salgados fritos e assados também são mais frequentes entre lares de extratos de renda maiores.

“As pessoas de maior rendimento têm condições de comprar alimentos mais variados. A renda permite que essas pessoas façam opções por esses alimentos, que embora não tenha uma qualidade nutricional muito desejada, custam mais caro”, afirma o gerente da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), André Martins. A pesquisa foi divulgada nesta sexta-feira.

Em compensação, balanceando a dieta, a classe de maior renda come o dobro da quantidade de salada em relação aos mais desfavorecidos. O consumo alimentar médio per capita do primeiro grupo é de 14,3 gramas, enquanto o outro extremo da pirâmide social consome 29 gramas diariamente. Frutas também têm maior frequência nas classes de rendimento maior.

Os dados são da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) 2017-2018: Análise do Consumo Alimentar Pessoal no Brasil, que traz dados sobre a ingestão alimentar individual das pessoas de 10 anos ou mais de idade. A pesquisa foi realizada em convênio com o Ministério da Saúde.

Pesquisa do IBGE mostra pizza mais presente entre mais ricos  Foto: Divulgação, Dominos

Pesquisa mostra pizza mais presente entre mais ricos. Foto: Divulgação, Dominos.

Arroz, feijão, pão francês, farinha de mandioca, milho e peixes frescos estão mais presentes na mesa das pessoas com renda mais baixa do que na daqueles com renda mais alta. De acordo com Martins, embora o consumo desses alimentos venha diminuindo, eles ainda são bastante presentes na mesa do brasileiro.

“A gente observa que a alimentação ainda é muito baseada na culinária tradicional brasileira, com a presença de arroz, feijão e carne. Isso é muito bom, levando-se em consideração que quase 70% da nossa energia diária média vêm dos alimentos in natura ou minimamente processados. Mas ainda consumimos uma quantidade de legumes, frutas e verduras abaixo do recomendado”, analisa.

Em relação à ultima pesquisa sobre consumo, há dez anos,  houve redução na frequência de consumo de arroz em todos os quartos de renda, mas a redução mais acentuada foi no último quarto de renda, a mais elevada: de 79,9% para 67,1%. O consumo de arroz integral também se reduziu nos três primeiros quartos de renda, mas aumentou de 4,7% para 5,2% no último quarto de renda. 

Algumas hortaliças como alface, tomate e batata inglesa apresentaram reduções em todas as faixas de renda, mas para repolho, batata-doce e outros legumes houve alta em todos os extratos.

Houve redução de consumo em todas as faixas de renda para abacaxi, laranja, maçã e tangerina e aumento em todos os quartos de renda para o açaí.

Para banana, mamão e outras frutas, o consumo cresceu somente nos dois quartos de renda mais alta e, para manga, somente no último quarto. Para o pão de sal houve redução geral de consumo e a mais expressiva foi na faixa de renda mais alta: de 67,3% para 48,4%. Para pão integral, a frequência quase dobrou no quarto de renda mais alta, passando de 5,2% para 9,6%.

Carne suína e aves apresentaram aumento de frequência de consumo em todas as faixas de renda. Já para o peixe fresco e os ovos só houve aumento da frequência de consumo no último quarto de renda, com redução nas demais faixas. Enquanto a carne foi reduzida na mesa dos mais pobres. A frequência de consumo de sucos aumentou nos dois menores quartos de renda e diminuiu nos dois maiores quartos de renda.

O consumo de refrigerantes diminuiu em todas as faixas de renda, mas o corte foi mais intenso nas faixas de renda mais elevada, passando de 31,2% para 17,7% no último quarto, enquanto no primeiro quarto passou de 14,4% para 11,5%.

*Com Agência IBGE de Notícias