A reportagem da Agência Nossa procurou as secretarias estaduais de Meio Ambiente, Desenvolvimento Agrícola e de Saúde de Santa Catarina para apurar as medidas tomadas para a realização do monitoramento dos princípios ativos presentes na água no estado que ocupa o 9° lugar em consumo de agrotóxicos no país.
“No ano de 2019 foram 180 municípios monitorados referente aos parâmetros de agrotóxicos e 104 municípios no primeiro semestre/2020, sendo que nessas amostras, não foi detectada presença de resíduos de agrotóxicos em água para consumo humano superior ao Valor Máximo Permitido (VMP) pela legislação vigente em nenhum dos municípios analisados, afirmou a Secretaria de Estado da Saúde de Santa Catarina, por e-mail. O estado possui 295 municípios.
A Secretaria de Estado da Saúde de Santa Catarina informou que apesar da pandemia o trabalho de monitoramento no estado seguiu normalmente.
Entre os agrotóxicos analisados: alaclor, atrazina, clordano, clorpirifós, endossulfan, glifosado, metolacloro, molinato, pendimentalina, permetrina, profenofós, simazina, trifluralina. Santa Catarina é um dos poucos estados brasileiros que analisa suas amostras de água por conta própria, sem depender da infraestrutura de laboratórios federais.
“A seleção dos municípios é realizada de acordo com a Diretriz Nacional do Plano de Amostragem de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano, o qual considera como fatores prioritários as áreas contendo maior prática agrícola, regiões contendo mananciais de captação de água e licença ambiental para pulverização aérea de agrotóxicos, presença de resíduos de agrotóxicos detectados em monitoramentos da qualidade da água realizados pela vigilância sanitária e outros órgãos que forneçam ao Estado seus resultados, além de municípios com histórico de notificação de intoxicação por agrotóxicos no Sistema Informação de Agravos e Notificação (SINAN) nos últimos anos”, indica.
Estado preocupa pesquisadores
O informativo de setembro de 2020 da VSPEA menciona que a incidência de intoxicação no Estado vem aumentando nos últimos anos, podendo ser pela melhora nos registros de notificações no SINAN Net e também pelo alto consumo de agrotóxicos no Brasil.
O Doutor em Agronomia e Pesquisador de Dinâmica Ambiental de Pesticida na Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Robson Barizon apontou, em seu estudo “Panorama da Contaminação Ambiental por Agrotóxicos e Nitrato de origem Agrícola no Brasil Cenário 1992/2011”, publicado em 2014, com coautoria de Marco Gomes, que as lavouras de Santa Catarina apresentavam o mesmo padrão de contaminação verificado no Rio Grande do Sul, que tinha a presença de glifosato em suas lavouras de arroz irrigado por causa da água com concentrações acima do valor máximo permitido pela Agência de Proteção Ambiental Americana (USEPA).
Os dados de monitoramento da qualidade da água, relativos aos parâmetros de agrotóxicos, são divulgados através do Informativo da Vigilância em Saúde de Populações Expostas a Agrotóxicos (VSPEA), semestralmente, no site da Diretoria de Vigilância Sanitária Estadual. O Programa “VSPEA”, está vinculado ao Programa Nacional VIGIPEQ (Vigilância em Saúde de Populações Expostas a Contaminantes Químicos), coordenado pelo Ministério da Saúde e pela Gerência em Saúde Ambiental (GESAM) na Diretoria de Vigilância Sanitária do Estado de Santa Catarina (DIVS). O primeiro Informativo de Vigilância em Saúde de Populações Expostas a Agrotóxicos foi divulgado somente há dois anos, em 2019.