A agricultura familiar produz uma parcela expressiva da cesta básica dos brasileiros, respondendo, por exemplo, por mais da metade da oferta de arroz no País. Também vem dos pequenos agricultores a produção de alimentos orgânicos, sem uso de agrotóxicos.
Emitidos pela Gaia Impacto Securitizadora, os papéis vencem em 2026, e contarão com juros de 5,50% sobre o valor nominal unitário dos CRA.
Mediada pela corretora Terra Investimentos, que atuará como intermediária líder da oferta pública dos CRA Sênior, a operação já é considerada uma inovação no mercado de capitais.
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As sete cooperativas que serão beneficiadas pela oferta atuam nos estados de São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul, produzindo principalmente arroz, leite, soja, milho e açúcar mascavo.
A emissão dos títulos de securitização da operação entre as sete cooperativas e a Gaia será realizada em duas séries, sendo a primeira série composta por CRA Sênior e a segunda por CRA Subordinado.
“Sentamos em uma mesa para conversar: de um lado, os companheiros do MST, do outro lado, a turma do mercado financeiro. Essa cena mostra que o país pode conversar”, resumiu o economista Eduardo Moreira, principal articulador entre os pequenos agricultores e os investidores da Faria Lima. O economista realizou há um ano uma live que abriu caminho para esta operação.
Conheça as beneficiárias
A Cooperativa Regional de Comercialização do Extremo Oeste (COOPEROESTE) nasceu composta exclusivamente por famílias assentadas do extremo oeste do estado de Santa Catarina, onde há 14 assentamentos com 550 famílias. Hoje possui 1.257 associados e 1.485 produtores que entregam leite para a cooperativa. A COOPEROESTE possui Serviço de Inspeção Federal (SIF), é detentora da marca “Amanhecer” e possui em cessão de uso a marca “Terra Viva”.
Com sede no município de Eldorado do Sul, na região Metropolitana de Porto Alegre, a Cooperativa dos Trabalhadores Assentados da Região de Porto Alegre Ltda. (COOTAP) conta com 1.462 famílias assentadas. Em suas “cadeias” produtivas, busca fornecer alimentos livres de agrotóxicos.
A Cooperativa de Comercialização da Reforma Agrária Avante Ltda (Coana) é hoje uma das maiores cooperativas da reforma agrária do estado do Paraná e é dona da marca “Campo Vivo”. A Cooperativa de Produção Agropecuária dos Assentados e Agricultores Familiares da Região Noroeste do Estado de São Paulo (COAPAR) conta com a participação de mais de 900 famílias e possui o Selo da Agricultura Familiar, além de já ter dado início ao pedido de Certificado de Inspeção Federal (SIF).
Agricultura familiar responde por mais da metade da oferta de alimentos básicos. Foto: Agência Brasil
Criada para produzir sementes para agricultores familiares, a Cooperativa Agroindustrial Ceres (Coopaceres) tem como principal diferencial a utilização de sementes não transgênicas, as quais são certificadas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e pela Fundação Prosementes.
A Cooperativa Agroindustrial de Produção e Comercialização Conquista (Copacon) possui como principal diferencial a produção de derivados de milho livres de transgênicos e pretende iniciar a produção de produtos orgânicos. Além disso, é detentora da marca “Campo Vivo”.
Já a Cooperativa de Produção Agropecuária Vitória Ltda (COPAVI) comercializa produtos orgânicos, certificados pela Rede Ecovida de Agroecologia, e possui uma linha de derivados de cana com certificação para a exportação para União Europeia fornecida pela Associação de Certificação Instituto Biodinâmico.
A Agência Nossa não conseguiu informações sobre uma das cooperativas envolvidas na operação.