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Na temática de investimento de impacto, hoje a organização conta com uma plataforma. A Plataforma de Empréstimo Coletivo da SITAWI democratiza o investimento de impacto no Brasil, conectando de forma prática empreendedores de impacto e investidores. Antes, a SITAWI fazia empréstimos sem passar pela ferramenta, com recurso que era doado para a organização, e que depois era emprestado.
O CEO explica que a instituição tem uma lógica de projetos, organizações, empresas e associações que consigam devolver o capital, uma vez que ele é emprestado, e por isso as cooperativas e associações de agricultores combinam com a proposta.
A SITAWI tem um programa no Médio Juruá, que já está na sua segunda fase. Uma das organizações beneficiadas por esse programa, a CODAEMJ, ( Cooperativa Mista de Desenvolvimento Sustentável e Economia Solidária da Reserva Extrativista do Médio Juruá,), junto com a AMARU (Associação dos Moradores Agroextrativistas da Reserva de Desenvolvimento Sustentável Uacari), vende sementes e óleos para a Natura. Ou seja, já existe uma cadeia de valor estabelecida.
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Leonardo Letelier, fundador e CEO da SITAWI Finanças do Bem. Foto: Divulgação[/caption]
Na gestão de fundos filantrópicos, a SITAWI já atuou com a plataforma Orgânico Solidário, que compra produtos orgânicos de pequenos agricultores e entrega cestas de básicas desses alimentos para famílias em situação de vulnerabilidade social. Através da compra dessa cesta ocorre o apoio aos agricultores. Antes disso, já apoiou a Orgânicos In Box, programa de delivery de cestas orgânicas toda semana ou todas as quinzenas.
“A maior coisa que a gente já fez é o fundo filantrópico BNDES Salvando Vidas, que já captou mais de 100 milhões de reais para o combate a Covid. Do ponto de vista ambiental, em uma área muito sensível na Amazônia, o programa territorial Médio Juruá é um dos destaques. Um outro importante é o CIES, um programa de atendimento de saúde que levou estrutura médica para lugares distantes ou vulneráveis em carretas”, conta o CEO, Leonardo Letelier.
Reconhecida pelo trabalho de impacto, sendo finalista do Prêmio Empreendedor Social da Folha de São Paulo de 2021, a SITAWI pensa em lançar uma nova iniciativa de gestão de fundos patrimoniais. Em investimento de impacto, a organização pretende participar da estruturação de produtos financeiros para impacto ambiental positivo.
Foco no bioma amazônico
No pilar de empréstimo financeiro, a SITAWI mostrou ter uma boa diversidade de CNPJs e de gênero em lideranças. Já foram feitas mais de 80 transações para mais de 50 organizações. Das 50, cerca de metade são cooperativas ou associações e tem uma mulher como sócia ou diretora.
Uma das regiões que são mais atendidas pela organização é justamente a Amazônia, que possui investimentos de impacto voltado para pequenas empresas ou cooperativas, como por exemplo, a COFRUTA – cooperativa de extrativistas do Tocantins que atua na produção e beneficiamento de frutas, polpas, geleias, sucos, xaropes e doces.
“No bioma Amazônia a gente tem todos os três tipos de atuações da SITAWI. A gente tem o programa territorial no Médio Juruá. Temos rodadas de investimento que são exclusivas para negócios da Amazônia. E fundos filantrópicos que apoiam negócios da Amazônia e outros que apoiam negócios do Brasil inteiro, inclusive da Amazônia. A gente acaba tendo um olhar especial para a Amazônia, mas também tocamos projetos de formas distintas em outros locais do País”, relata o fundador da organização, Leonardo Letelier.
ESG e mudanças climáticas em pauta
Pensando em compromissos voltados para a mitigação das mudanças climáticas, a SITAWI lançou na COP26 uma declaração inédita de investidores brasileiros comprometidos e cobrando políticas públicas um pouco mais assertivas para o desmatamento. Além disso, apoia a agenda verde do BNDES e a agenda verde de sustentabilidade do Banco Central, que tem o papel de orientar as instituições financeiras e grandes empresas a trazerem a lente socioambiental para a tomada de decisões e gestão dos investimentos.
“Uma vez que nós selecionamos negócios, clientes, projetos alinhados aos objetivos de desenvolvimento sustentável, a gente já está contribuindo com a agenda direta ou indiretamente. Realizamos a iniciativa chamada “Investidores pelo Clima”, que faz um engajamento com investidores brasileiros para a sensibilização, capacitação e orientação dentro da agenda das mudanças climáticas”, diz a analista de comunicação da SITAWI, Karen Garcia.
Sobre a preocupação genuína do mercado financeiro com o ESG (sigla em inglês para meio ambiente, social e governança, o CEO da SITAWI relata que tem uma grande heterogeneidade nos pensamentos.
“Tem de tudo, viu? Tem quem sempre fez e não tinha esse nome. Tem quem não fez, mas quer fazer. Tem quem não faz, mas diz que já está fazendo e que não entende o que tem pra fazer. E tem gente que só quer fazer Greenwashing mesmo”, finaliza Leonardo Letelier.
Nova rodada
A SITAWI Finanças do Bem lançou nesta terça-feira (23) uma nova rodada de empréstimo coletivo pela sua plataforma, em parceria com o Instituto Sabin. A iniciativa proporciona que pessoas físicas de todo o País invistam diretamente em dois negócios de impacto positivo atrelados aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU (ODS).
A captação pretende mobilizar R$ 1,1 milhão para a Cooperativa de Agropecuária Familiar de Canudos, Uauá e Curaçá (Coopercuc), que tem como objetivo a implementação de projetos de agricultura sustentável e beneficiamento de frutas nativas da caatinga; e para a Incentiv.me, organização de inovação tributária que conecta projetos sociais ao ecossistema de leis de incentivo fiscal.
Para participar, é necessário que o investidor realize um cadastro e depois escolha o negócio de seu interesse no site da Plataforma de Empréstimo Coletivo da SITAWI. A pessoa faz a reserva de investimento e, para confirmar, deve realizar uma TED ou gerar um boleto para pagamento referente ao investimento.
Após a conclusão da captação, são emitidos os contratos de empréstimo entre as partes e o investidor recebe o título intitulado de 3CB (Certificado de Cédula de Crédito Bancário), que comprovam o investimento. Após um período inicial de 3 meses de carência, os investidores recebem o valor do investimento durante 36 meses, com o pagamento de parcelas mensais referentes ao principal mais os juros.