O desemprego recuou no terceiro trimestre para 12,6% da população em idade de trabalhar no terceiro trimestre. O total de desempregados ainda é elevado — 13,5 milhões — mas diminuiu 9,3% entre o segundo e terceiro trimestre. Neste, período o total de pessoas ocupadas aumentou 4%, somando 93 milhões de cidadãos.
Um dos principais responsáveis pelo aumento na ocupação é o setor de comércio, que empregou 1,2 milhão de trabalhadores a mais neste período, num crescimento de 7,5%.
Se comparado ao mesmo período do ano passado, o aumento de empregos é ainda maior no comércio: 13,4%, de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), divulgada nesta terça-feira pelo IBGE.
Rio cria mais vagas que a média nacional
No Rio de Janeiro, o setor de comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas registrou um aumento de 12,4% em relação ao trimestre anterior. Se comparado ao mesmo período do ano passado, o crescimento foi de 17,5%. O setor de alojamento e alimentação registrou um aumento de 23,2% em comparação ao trimestre anterior e de 38% em comparação ao mesmo período do ano anterior.
Para o diretor do Instituto Fecomércio de Pesquisas e Análises (IFec RJ), João Gomes, o resultado positivo do estado do Rio de Janeiro acima da média nacional se deve pelo aumento da confiança do consumidor e do empresariado no avanço da vacinação e pela estagnação dos números ligados à pandemia da Covid-19.
“Os números do Rio de Janeiro têm sido mais positivos, pois o estado vem ganhando uma musculatura muito grande na parte de emprego. A gente já vê uma evolução significativa do setor de serviços nesse segundo semestre de 2021, com a recuperação de quase todos os empregos que perdemos lá em 2020. Então o que vemos agora é reflexo de tudo o que foi vivido ao longo do primeiro semestre e do terreno preparado para esse segundo semestre”, relata João Gomes.
O diretor do IFec indica que as variáveis como inflação e taxa de juros podem se refletir nas expectativas do consumidor e por consequência na parte do empresário e no emprego, e por isso é preciso aguardar para conseguir identificar com certeza a tendência do ano que vem. Mesmo assim, Gomes acredita que o retrato será positivo tanto no emprego quanto nas vendas.
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“Para o próximo ano a tendência é que para o Rio de Janeiro o cenário também seja melhor do que o do Brasil, porque a gente já passa por uma situação bastante positiva em relação a capacidade de investimento e em relação a perspectivas em diversas áreas para o estado como um todo. A gente vai carregar um pouco desse otimismo de 2021, mas com cautela”, expõe o diretor.
Segundo o presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), Paulo Solmucci, os números do emprego no setor são vistos com muita alegria e estão alinhados com as previsões que a Abrasel fez. As estimativas são de que o segundo semestre poderá ter um crescimento de dois a três por cento em termos reais, ou seja, acima da inflação no faturamento, e que poderão ser gerados 600 mil novos postos de trabalho de julho a dezembro.
Bares e restaurantes em alta
“Essa primeira arrancada foi bastante potente, com 486 mil novos postos, é fruto dessa retomada da atividade do consumidor, que volta com muita vontade, e do setor. Acredito que nós ainda vamos continuar gerando empregos daqui pra frente no segundo trimestre e que devemos chegar aos 600 mil ou até mesmo superá-los”, declara Solmucci.
A queda na taxa de desocupação do país (-1,6 p.p.) atingiu todas as regiões. No Sudeste, região que mantém o maior número de pessoas desempregadas (6,3 milhões), a taxa passou de 14,6%, no segundo trimestre, para 13,1%. Já no Nordeste, o indicador caiu de 18,3% para 16,4%. Apesar do recuo, a região permanece tendo a maior taxa de desocupação do país.
“Essa queda na desocupação no nível nacional também está sendo observada regionalmente em vários estados. Isso indica que há um processo de recuperação de trabalho que ocorre de maneira disseminada no país”, destaca a coordenadora de Trabalho e Rendimento do IBGE, Adriana Beringuy.
CNC pondera
Mas o economista da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), Fabio Bentes, não é tão otimista assim.
“Já era esperada a queda da taxa de desemprego na passagem do terceiro trimestre. Esse período do ano conta com um aquecimento natural no mercado de trabalho, especialmente na indústria, que acaba demandando mais trabalhadores temporários. Em seguida vem o comércio, que vai se destacar ainda mais em relação às outras atividades com o período que o varejo gera vagas temporárias para as vendas de final de ano. E mesmo com essa queda na taxa, a tendência é que ela volte a subir no início de 2022, porque, tipicamente, o início de cada ano não é um período de aquecimento no mercado de trabalho”.