Leia também:
Onze cidades fluminenses recebem projeto de saneamento
“Essa movimentação para medir a sustentabilidade, elencar os indicadores e priorizar qual caminho seguir para a sustentabilidade é a inovação. A ABRAPE tem 47 anos e nunca tinha feito isso como setor. E embora cada empresa tenha a sua jornada de desenvolvimento sustentável e esteja em seu momento particular, todas assumiram um compromisso de se monitorar conjuntamente e priorizar a rota de sustentabilidade do setor de bebidas alcoólicas”, expõe a presidente-executiva da entidade, Cristiane Foja.
De acordo com dados do Banco Mundial, em 2050, o mundo deve gerar mais de 3 bilhões de toneladas de lixo. Como forma de conter e reduzir esse número, organizações têm adotado a economia circular, processo que visa o desenvolvimento econômico sustentável por meio da redução, reutilização e reciclagem do produto de modo repetido no ciclo de produção como forma de estender a sua vida útil.
Nesta linha de atuação, cerca de 73% das embalagens de bebidas alcoólicas das associadas da ABRABE são de vidro, resíduo com muito mais capacidade de reuso e reciclagem. Entre as empresas que participaram da pesquisa, 31% adotam embalagens retornáveis de vidro em seu portfólio de produtos, variando a taxa de reutilização entre 53% e 100%.
[caption id="attachment_4064" align="aligncenter" width="1024"]
Metade das empresas entrevistadas no setor de bebidas adotam a prática da reutilização[/caption]
A porcentagem de empresas da categoria que trabalham com a redução de resíduos sólidos já chegou a 69%, número expressivo para o setor privado, que ainda dá seus primeiros passos no caminho das práticas de ESG.
“Discutir conjuntamente um tema como o da sustentabilidade, onde há necessidade de engajamento, inspira. As empresas que estão mais avançadas acabam inspirando as que estão um pouquinho atrás, e a gente vai se movimentando em grupo e produzindo um resultado muito melhor no todo. Então, nós não estamos olhando para as metas individuais de cada uma, estamos apostando no movimento em bloco” relata a presidente da Associação Brasileira de Bebidas sobre a importância da ação da instituição.
Com base no trabalho realizado em parceria com a KPMG, o “Primeiro Relatório Sustentabilidade ABRABE” vem complementar o diagnóstico setorial realizado em 2019, que consistiu em um estudo de mercado do setor de bebidas alcoólicas. Este ano, a organização incluiu temas e indicadores de governança ambiental, social e corporativa pela primeira vez.
[caption id="attachment_4065" align="aligncenter" width="681"]
Presidente-executiva da Abrape, Cristiane Foja[/caption]
Outras estratégias inseridas no processo para minimizar impactos negativos ao meio ambiente estão relacionadas ao clima e energia. Entre as associadas, 46% têm projetos nessa esfera, sendo que, destas, 88% possuem iniciativas de redução e gestão de consumo de energia e 56% trabalham na redução e gestão de emissão de gases do efeito estufa; 14% também têm metas de reduzir a emissão de gases nocivos ao meio ambiente.
Além da energia, um recurso que também recebe visibilidade é a água, um dos principais ingredientes das bebidas alcoólicas. O relatório da ABRABE mostra a preocupação das empresas associadas com o consumo responsável de água ao apontar que 34% apresentam meta de redução de consumo, como a recuperação de 60% da água de lavagem dos vasilhames. O tema consumo de água ainda aponta que 51% das associadas abraçam práticas relacionadas à redução de consumo – destas, 72% têm iniciativas de reuso.
ESG em foco
A pesquisa do setor também encontrou diversas referências ao fortalecimento de estruturas internas relacionadas ao ESG, mostrando que esse pilar é uma prioridade da agenda: 31% das empresas responderam que publicam relatório anual de sustentabilidade e 37% levam em consideração os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU durante a elaboração de políticas corporativas. Em 2019, esses números eram de 26% e 31%, respectivamente.
No campo da diversidade, um dos pilares da governança (ESG) que têm sido o centro de inúmeras discussões nos últimos tempos, dobrou o número de empresas com metas entre 2019 e 2020: atualmente, 23% das associadas têm iniciativas para ampliação da diversidade em seu quadro de colaboradores. Entre as metas citadas pelas companhias, estão: dobrar a participação feminina em posições de liderança; elevar a representação de líderes de origens étnicas diversas para 45% até 2030; e ter 50% de todas as posições de liderança ocupadas por mulheres.