No Brasil, os 20 maiores bilionários concentram mais riqueza que 128 milhões de pessoas. São US$ 121 bilhões que superam os recursos distribuídos entre 60% da população.
O País possui 55 bilionários com ativos que somam US$ 176 bilhões (R$ 972 bilhões).
Desde março de 2020, quando a pandemia foi declarada, o país ganhou 10 novos bilionários. O aumento da riqueza dos bilionários durante a pandemia foi de 30% (US$ 39,6 bilhões), enquanto 90% da população teve uma redução de 0,2% entre 2019 e 2021.
As informações integram o novo relatório da Oxfam entitulado “A Desigualdade Mata”.
O que pode ser feito para reduzir a desigualdade no Brasil? Envie aqui sua sugestão.
No mundo, a riqueza dos bilionários aumentou mais durante a pandemia de Covid-19 do que nos últimos 14 anos.
Durante a pandemia, a miséria e a fome explodiram no País. Em dezembro de 2020, 55% da população brasileira se encontrava em situação de insegurança alimentar (116,8 milhões) e 9% se encontravam em situação de fome (19,1 milhões). Trata-se de um retrocesso aos patamares verificados em 2004.
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A fome afeta mais duramente mulheres e pessoas negras no Brasil: 11,1% dos lares chefiados por mulheres e 10,7% dos chefiados por pessoas negras estavam passando fome no fim de 2020, frente a 7,7% dos lares chefiados por homens e 7,5% dos lares liderados por pessoas brancas.
“É inadmissível que alguns poucos brasileiros tenham lucrado tanto durante a pandemia quando a esmagadora maioria da população ficou mais pobre”, afirma Katia Maia, diretora executiva da Oxfam Brasil. “Milhões de brasileiros sofreram com a perda de emprego e renda, enfrentando uma grave crise sanitária e econômica.”
A Oxfam fez algumas recomendações aos governos para frear o aumento da desigualdade.
A organização sugeriu o investimento de trilhões que podem ser arrecadados com impostos em saúde pública universal e proteção social, adaptação climática e prevenção contra violência de gênero.
Indicou também o enfrentamento a leis sexistas e racistas que discriminam mulheres e diferentes grupos raciais e étnicos e a criação de novas leis de igualdade de gênero para acabar com a violência e discriminação, além da extinção de leis que minam os direitos dos trabalhadores e trabalhadoras se sindicalizarem e fazerem greve, e o estabelecimento de padrões legais mais robustos para sua proteção.
No mundo
Ao mesmo tempo em que a renda de 99% da humanidade caiu e mais de 160 milhões de pessoas foram empurradas para a pobreza, um novo bilionário surgiu a cada 26 horas desde o início da pandemia.
Nesse meio tempo, enquanto a desigualdade contribuiu para a morte de 21 mil pessoas por dia, ou uma pessoa a cada quatro segundos, os 10 homens mais ricos do mundo mais que dobraram suas fortunas, de US$ 700 bilhões (R$ 3,86 bilhões) para US$ 1,5 trilhão (R$ 8,2 trilhões) – a uma taxa de US$ 15 mil por segundo, ou US$ 1,3 bilhão por dia – durante os dois primeiros anos da pandemia.
“Enquanto um pequeno grupo de pessoas lucrou como nunca durante a pandemia, aumentando suas riquezas de maneira extraordinária, a maior parte da população global está arcando com os principais prejuízos – Desemprego, perda de renda, mortes. A pandemia aprofundou as desigualdades e isso está desestruturando nossas sociedades e matando pessoas”, afirma a Oxfam Brasil.
O relatório da instituição atentou para o fato de que um imposto único de 99% sobre os ganhos obtidos pelos 10 maiores bilionários do mundo durante a pandemia poderia pagar por vacinas suficientes para toda a população do mundo, providenciar saúde pública universal e proteção social, financiar ações de adaptação climática, reduzir a violência de gênero em mais de 80 países, por exemplo, e esses 10 bilionários ainda seguiriam com US$ 8 bilhões a mais do que tinham antes da pandemia.
“As desigualdades têm solução, porque elas são fruto de escolhas políticas. Do jeito que a economia global está estruturada, os mais ricos continuarão se beneficiando e lucrando, enquanto bilhões de pessoas – principalmente mulheres e população negra e de etnias minoritárias – ficarão no final da fila, sujeitas à pobreza extrema, violência e morte”, afirma Katia Maia. “Os 10 homens mais ricos do mundo têm hoje seis vezes mais riqueza do que os 3,1 bilhões mais pobres do mundo”.