A nova lei para a cabotagem no Brasil, que permite a importação de embarcações e também a contratação de estrangeiros sem um percentual mínimo para brasileiros na tripulação, vai agravar o desemprego no setor naval, que já amarga um dos seus piores momentos.

Nos últimos seis anos a indústria naval fechou 80% das vagas, deixando uma legião de dezenas de milhares de pessoas desempregadas. 

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Depois que a Lava Jato foi o gatilho para a Petrobras importar suas encomendas, o setor viu o total de empregos minguar de 82 mil empregos diretos para apenas 13 mil postos de trabalho, de acordo com dados do Sindicato da Indústria da Construção e Reparação Naval e Offshore (Sinaval).

A Petrobras deixou de contratar plataformas, navios, dentre outros bens e serviços no Brasil, dando preferência a importações que acabaram por substituir também a mão-de-obra local. 

Sergio Bacci, vice-presidente do sindicato que representa as empresas da indústria naval, afirma que  setor, segundo ele, ficou sem apoio, sem política. O fim da política de conteúdo nacional foi coroada com o projeto recém aprovado, a BR do Mar.

Estaleiro Navship, em Navegantes, em Santa Catarina Foto: Divulgação

“Nos países onde a indústria naval é bem-sucedida, o governo tem a mão forte”, diz o porta-voz do Sinaval. 

Na China, o governo investe diretamente sendo sócio das empresas. No Japão os juros são negativos, enquanto na Coreia a política de conteúdo nacional é forte. Já os Estados Unidos estabelecem reserva de mercado para a cabotagem – o que o Brasil acaba de abolir.

“Aqui, na gestão de Paulo Guedes, é tudo para o acionista privado (da Petrobras) e nada para o controlador que é a União”.

O impacto na cadeia produtiva devido ao fechamento de vagas pelos estaleiros foi de pelo menos 300 mil empregos desde que a Petrobras mudou a política de compras e parou de encomendar dos estaleiros locais.