Um meganavio carregado com soja brasileira do cerrado foi bloqueado na entrada do porto de Roterdã, na Holanda,  por ativistas que reivindicam uma legislação antidesmatamento mais forte na Europa. O protesto pacífico, que durou pelo menos 18 horas na semana passada, teve como objetivo alertar os ministros da União Europeia (UE) sobre a urgência de uma nova legislação que inclua biomas como o Pantanal. 

Os ministros dos países membros da UE apresentaram em março as primeiras considerações sobre a lei antidesmatamento, mas a proposta até então deixava de fora biomas não florestais, além de conter regras insuficientes para combater violações aos direitos humanos.

“Há um projeto de lei na mesa que pode acabar com a cumplicidade da Europa na destruição da natureza, mas está longe de ser forte o suficiente”, disse Andy Palmen, diretor do Greenpeace Holanda, a organização responsável pelo protesto.

Os ativistas bloquearam os portões, impedindo a passagem do navio Crimson Ace, de 225 metros, que atracaria no porto de Amsterdã, um dos maiores do mundo. A Holanda é a porta de entrada da Europa para commodities agrícolas  – como óleo de palma, carne e soja para ração animal.

Lideranças indígenas brasileiras participaram da atividade, levando seu testemunho e protesto pelos impactos socioambientais provocados pela expansão agropecuária sobre seus territórios. 

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“Fomos expulsos de nossas terras e nossos rios foram poluídos com veneno, para dar espaço à expansão agropecuária. A Europa partilha a responsabilidade pela destruição das nossas casas. Mas a legislação pode ajudar a impedir a destruição futura. Apelamos aos ministros para que aproveitem esta oportunidade não só de estarem olhando para os povos indígenas mas também para o futuro do planeta. A produção de ração para seus animais industriais, e a carne que chega na Europa não deve mais significar nosso sofrimento”, defende Alberto Terena, membro da coordenação executiva da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) e líder do conselho do povo Terena (MS).

Em 28 de junho, os ministros que fazem parte do Conselho de Meio Ambiente da UE voltarão a se reunir para discutir a proposta. A demanda do Greenpeace Holanda é que seu país e a União Europeia como um todo aumentem a ambição no combate ao desmatamento e às mudanças climáticas. 

“Compromissos voluntários de empresas, sozinhos, não são capazes de acabar com o desmatamento. Até porque, como a história vem nos mostrando, muitas empresas quebram repetidamente suas promessas, adiando a solução do problema. Por isso, é urgente que os países consumidores elaborem legislações como esta”, afirma o Greenpeace em seu site.

Com informações do site do Greenpeace