Foi aprovado, em segunda votação, na Câmara de Vereadores de Niterói o Projeto de Lei 95/2022, de autoria da vereadora Verônica Lima (PT) e coautoria do vereador Daniel Marques (DEM), que promove ambientes alimentares saudáveis para crianças e adolescentes no município, restringindo a comercialização, a aquisição, a confecção, a distribuição e a publicidade de produtos que contribuem para a obesidade infantil na cidade. O Projeto de Lei, pioneiro no estado do Rio de Janeiro, segue agora para sanção do prefeito.   

 De acordo com os dados do Panorama da Obesidade em Crianças e Adolescentes, plataforma desenvolvida pelo Instituto Desiderata, 37,4% das crianças e adolescentes residentes em Niterói e atendidas pela Atenção Primária à Saúde do SUS, em 2021, apresentavam excesso de peso, prevalência bastante elevada e que se mostra crescente. O Panorama reúne informações sobre o estado nutricional e o consumo alimentar de crianças e adolescentes, com base nos registros do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN), do Ministério da Saúde.

Assine nossa newsletter gratuita para receber as reportagens

 O estudo “Comercialização de Alimentos em Escolas Brasileiras” (CAEB), que teve início em maio de 2022, revelou que a grande maioria (89,3%) das cantinas em escolas niteroienses tem seus produtos de venda oriundos de fábricas ou indústrias. Ao todo, a venda de produtos industrializados ultraprocessados é 205% superior a venda de produtos in natura ou minimamente processados.

O Instituto Desiderata é uma OSCIP (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público), fundada em 2003, no Rio de Janeiro, que sonha em ver crianças e adolescentes brasileiros entre os mais saudáveis do mundo. Para isso, realiza ações de mobilização e articulação entre o setor público e a sociedade civil para o fortalecimento da saúde pública infanto juvenil, com foco em câncer e obesidade.

A Aliança pela Alimentação Adequada e Saudável é uma coalizão que reúne organizações da sociedade civil, associações, coletivos, movimentos sociais, entidades profissionais e pessoas físicas que defendem o interesse público com o objetivo de desenvolver e fortalecer ações coletivas que contribuam para a realização do Direito Humano à Alimentação Adequada (DHAA). Suas ações buscam o avanço de políticas públicas para a garantia da Segurança Alimentar e Nutricional (SAN) e da Soberania Alimentar no Brasil.

Alface em vez de hambúrguer

Na Unidade Municipal de Ensino Infantil Vinícius de Moraes, no Sapê, na Região de Pendotiba, os destaques são a horta e o pomar, um dos espaços mais disputados pelos pequenos alunos, que adoram mexer na terra e brincar debaixo das árvores.

A criação da horta começou de forma tímida, em um cantinho perto do muro da escola, e foi crescendo até ganhar atenção da Universidade Federal Fluminense (UFF). Através de uma parceria, mestrandos e especialistas da universidade ajudam a direção do colégio a garantir resultados mais eficientes, tanto no cultivo das mudas quanto no manejo.

Alface, brócolis, couve, chicória, manjericão, limão, mamão e caju são alguns dos alimentos que saem direto da horta e do pomar para o almoço e lanche das crianças, preparados na cozinha da própria escola. A diretora do colégio, Fabiane Florido, diz que a horta e o pomar mudaram a relação das crianças com a comida.

“Eles colocam a mão na terra, plantam as mudas, regam e acompanham o crescimento delas até a colheita. Então eles participam de todo o processo. Quando eles vão experimentar as verduras já têm uma outra ligação com elas porque sabem que vêm daquela horta e daquele pomar que eles ajudaram a fazer. É lindo ver crianças de dois anos comendo alface”, diz a diretora.