A segunda edição do Prêmio Fashion Futures, que ocorreu essa semana em São Paulo, obteve 382 inscrições de todo o Brasil que submeteram mais de 750 aplicações nas diferentes categorias. Ao final, 6 iniciativas e 1 personalidade do ano foram premiadas como destaques de moda mais sustentável.  Além do reconhecimento, três das iniciativas receberam um apoio financeiro de R$ 50mil e R$ 20 mil para o desenvolvimento dos projetos.  O prêmio é produzido pelo Instituto C&A, braço social da loja de departamento que leva o mesmo nome. 

“Nesta segunda edição do Fashion Futures, tivemos como objetivo reconhecer, reunir e mobilizar os atores-chave da indústria que com seus projetos e ações pensam em soluções para os impactos socioambientais negativos sob a perspectiva da moda do amanhã. Os esforços e iniciativas de quem produz uma moda mais justa, diversa e democrática precisam ser destacados e premiados e acredito que conseguimos cumprir a nossa meta quando colocamos todos os olhares sobre os finalistas e vencedores do prêmio”, diz Gustavo Narciso, gerente executivo do Instituto C&A.

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Na categoria “Projetos Sociais advocacy e políticas públicas”, o projeto Coletivo Tem Sentimento foi ganhador de R$ 50mil . A ONG que atua no território da cracolândia em São Paulo, oferece gestão de risco, assistência psicossocial e tem um programa de corte e costura, com vendas das peças, que nasceu e foi estruturado em parceria com o Instituto C&A e ganhou tração nos últimos anos, atendendo mulheres cis e trans da região. 

Em “Desfile ou Fashion Film”, dois projetos foram vencedores para ganharem além do reconhecimento, um prêmio de R$20 mil para uma produção em conjunto. Um dos escolhidos foi a marca Apartamento 03 (fundada pelo Luiz Cláudio) preza pelo toque de seus tecidos, texturas e contato físico, recentemente foi prestigiada por desenvolver uma coleção toda só em tom de azul que possui origens africanas do pigmento waji. Matheus Cardoso foi o segundo vencedor, ganhador do Desafio Sou de Algodão + Casa de Criadores, em projetos que marcam presença com os ateliês de alfaiataria junto do universo criativo.

Representante do projeto Apartamento 03 recebendo o prêmio. Foto: Divulgação

A marca Trucss, fundada por Silvana Bento, foi a ganhadora da categoria “Marca para inclusão e redução de desigualdades”. A fundadora deixou o trabalho em hospitais de São Paulo para criar a marca que desenvolve calcinhas para mulheres trans. A marca luta para que pessoas trans sejam incluídas de fato, considerando todas as exclusões que passam ao longo da vida, para que não sofram com os preconceitos da sociedade.

Em “Novos materiais, inovação e combate às mudanças climáticas”, o vencedor foi o MABE Bio, centro de Inovação Têxtil que combina tecnologia e natureza para criar novos materiais e acabamentos a partir de plantas. A marca impacta a moda fornecendo não apenas produtos com baixo impacto ambiental, mas também construindo uma cadeia de valor que seja limpa, regenerativa e que respeite as pessoas e o planeta.

Representante Coletivo Tem Sentimento recebendo o prêmio. Foto: Divulgação

 

A Manui Brasil foi a vencedora na categoria “Marca com impacto ambiental positivo”. A slow fashion, adepta à moda consciente e produções sustentáveis, produz peças versáteis, atemporais e únicas. Cada peça é produzida através de tingimento natural e estampadas manualmente. Já a Florent, primeiro ateliê lixo zero no Brasil, com foco especial em solucionar o problema do resíduo têxtil, foi a vencedora da categoria “Economia circular”.

Em “personalidade do ano”, o ganhador foi Sioduhi, indígena do povo Piratapuya do Alto Rio Negro, Amazonas. Através de suas criações, a Sioduhi Studio expressa o orgulho da origem indígena e a resistência das populações amazônidas e originárias. Esta energia circula e abraça indígenas e não indígenas que vivem nesta casa comum. Têm como referência o futurismo indígena e amazônico, vem estabelecendo uma nova conexão a valores e territorialidades ancestrais – que refletem o tempo-espaço, o passado, o presente e o futuro, simultaneamente.

“Encerrar o ano com uma premiação que, além de reconhecimento, gerou um debate sobre o setor da moda, mudanças climáticas e o futuro, nos enche de orgulho e faz entender que estamos trilhando o caminho certo para a construção de novas possibilidades por meio da moda.”, ressaltou  Gustavo Narciso.