A taxação dos super ricos, a participação efetiva da sociedade civil nos debates sobre mudanças climáticas e o enfrentamento à desigualdade dominaram a abertura do G20 Social, que reuniu ministros do governo Lula, a primeira dama Janja e o prefeito do Rio, Eduardo Paes, no auditório do Museu do Amanhã, no Rio nesta quinta-feira.
Coube ao Coordenador do G20 Social Márcio Macedo, ministro chefe da Secretaria Geral da Presidência da República, o tom mais enfático sobre a taxação dos super ricos em 2%, debate liderado pelo Brasil que levará a mesa de negociação no encontro dos chefes de Estado e de Governo.
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“Só o presidente Lula foi capaz de promover o G20 Social e colocar o dedo na ferida. E dizer que nós temos que promover um debate sobre o combate à fome, a pobreza, a desigualdade. Precisamos combater as mudanças climáticas e o negacionismo, propor alternativas. O presidente diz que precisamos fazer uma discussão sobre transição energética justa”.
A proposta taxaria apenas três mil pessoas em todo o mundo. chegou ao G20 pelas mãos de Lula e do ministro Fernando Haddad, taxaria apenas três mil pessoas em todo o mundo. É baseada em um estudo dos economistas franceses Thomas Piketty, Gabriel Zucman e Emmanuel Saez, com previsão de arrecadar entre US$ 200 bilhões e US$ 250 bilhões por ano.
Macedo disse ainda que a taxação dos super ricos poderia financiar um fundo para ações climáticas e combate à fome no mundo.
“Mas sabe o isso significa? Que poderá resolver o problema de 350 milhões de pessoas famintas no planeta Terra. Isso significa dizer que nós teremos um fundo de clima que vai ajudar a manter as florestas de pé. Sobretudo as florestas tropicais, que são as maiores do planeta. As florestas brasileiras, as florestas da Indonésia, as florestas do Congo”, disse Macêdo.
Pioneiro no envolvimento das variadas representações sociais no debate que reunirá os chefes de Estado e de governo das 20 maiores economias globais, União Europeia e União Africana na próxima semana, o Brasil credenciou 30 mil participantes que acompanharão o G20 Social até sábado, quando será entregue ao presidente Lula um documento com os olhares e observações sobre os três eixos de discussões: o combate à fome e desigualdade social, o desenvolvimento sustentável e transição energética e a reforma da governança global.
“Nós precisamos estar neste debate com a força que tem o Brasil, o sul global e dizer: está na hora de fazer uma mudança. Que os países que estão no Conselho de Segurança da ONU e que falam da paz, são os que financiam as guerras”.
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O chanceler Mauro Vieira, responsável pela articulação diplomática do encontro, destacou a importância de reduzir as desigualdades com uma nova visão sobre a economia.
“Não podemos continuar com um mundo governado pela geopolítica e este encontro no Rio, a capital do G20, chama a atenção neste momento. O presidente Lula tem dito que o mundo não pode continuar a ser governado pela geopolítica que resultou do flagelo da segunda Guerra Mundial em 1945 e que levou à situação que vivemos, em que não se pode parar os atos de violência, mortes e guerras que se vê em todas as regiões, seja no Oriente Médio, seja na Europa”.
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A primeira-dama Janja disse que o país foi insistente na inclusão da sociedade civil no processo: “O governo brasileiro compartilhou com os movimentos sociais e instituições. Acho que nunca na história recente do G20 essa presença da sociedade civil foi tão forte, potente”. Janja comentou ainda a ausência da Argentina no grupo de trabalho de Empoderamento Feminino. “Não assinaram porque tinha o termo igualdade de gênero na resolução. Não consigo pensar que algum país ainda se negue a isso”.
O coordenador do G20 Social disse que a iniciativa brasileira muda o padrão das reuniões diplomáticas. “Se o G20 Social der certo, nunca mais esses bacanas farão reuniões sem a participação do povo”, garantiu. A novidade brasileira já foi incorporada pela África do Sul que fará o G20 Social em 2025, quando estará na presidência temporária do grupo.
O G20 Social terá também a Aliança Global Festival Contra a Fome e Pobreza, com shows gratuitos até sábado. O festival, organizado pela primeira- dama , reunirá grandes nomes da cultura popular brasileira. Trinta e um países já aderiram à iniciativa.