Vivemos um momento único para avançar na agenda de desenvolvimento sustentável e justiça social, com empresas e investidores assumindo compromissos de proteção do meio ambiente e engajamento social. Expressão para conjunto de boas práticas, a sigla ESG (meio ambiente, social e governança, em inglês) virou febre entre executivos e agentes responsáveis pelo PIB do planeta, a referência de capitalismo consciente.
A obsessão por credenciais de boas práticas e iniciativas é um bom começo, mas pode ficar na conversa se a preocupação for apenas com a imagem. Sem mudanças em busca de princípios como sustentabilidade, igualdade, inclusão e diversidade, de dentro para fora das organizações, de maneira verdadeira, a expressão adequada para o movimento será marketing, e não ESG.
Índices e rankings para a sigla da moda e de sustentabilidade no mercado financeiro ainda patinam em avaliações coerentes, ao incluir no topo de suas listas, por exemplo, empresas que provocam desastres ambientais. Companhias que se dizem ESG não deveriam permitir o desmatamento da Amazônia ou ainda serem acusadas de crimes de corrupção.
Por que o ESG no Brasil se descola das mazelas mais críticas da nossa sociedade? A Agência Nossa pesquisou metodologias e apurou um pouco da história dos índices para mostrar por que eles falham em abordar as questões mais impactantes do País nas três dimensões da sigla. E principalmente no que diz respeito ao social.
A série começa com um mergulho nas metodologias e controvérsias dos índices ESG. A primeira reportagem mostra a raiz do problema: a importação das metodologias, de países que não enfrentam as mesmas mazelas sociais do Brasil. Consequentemente, as metodologias capturam mal especificidades como desmatamento, fome e corrupção.
Publicamos um resumo das metodologias dos principais índices, que ajuda na compreensão do tema. Uma entrevista com o produtor do principal índice ESG do Brasil mostra detalhes da formação das carteiras e alguns bastidores que ajudam a ponderar a questão.
A série continua com com matérias que mostram alguns segmentos e empresas controversas nesta temática. São muitas incoerências e tivermos que focar nos problemas que consideramos mais urgentes. Abordamos o desmatamento da Amazônia descontrole de fornecedores indiretos por frigoríficos que compõem índices ESG.
Também mostramos como a indústria de plásticos, apesar do forte discurso de sustentabilidade, segue aumentando a produção. E apontamos uma das contradições que consideramos das mais expressivas: como uma empresa apontada por afundar uma parte de Maceió pode estar no topo do índice que é benchmark no ESG?
Fruto de jornalismo independente, a série Contradições do ESG é possível graças ao apoio de nossos parceiros. As contradições não terminam por aqui; acreditamos que teremos um longo caminho a percorrer. De maneira que este texto precisará ser atualizado …