Um megaprojeto que prevê a construção de três parques de lazer e um resort entre o Lago de Furnas e o Parque Nacional Serra da Canastra, em Capitólio (MG), está sendo tratado com sigilo por autoridades e responsáveis pelo projeto.

Após o desmonoramento de rocha em um dos canions na região, que matou 10 pessoas no começo deste mês, o  projeto turístico antes amplamente divulgado passou a ser silenciado pela Prefeitura e pelo setor de turismo da região.

A Agência Nossa procurou a Prefeitura de Capitólio, que não quis comentar sobre o empreendimento. Uma funcionária contactada por telefone não soube explicar por que a prefeitura não comenta o assunto, já que se trata de um projeto de conhecimento público.

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A empresa ligada ao empreendimento também não atendeu às ligações da Agência Nossa, bem como os órgaõs ambientais que teriam aprovado licenças. O governo do estado de Minas informou que a atribuição é da Prefeitura.

Fontes do turismo que conhecem o local chegaram a vincular a construção de um mirante, que faz parte do empreendimento, com o acidente. O mirante foi inaugurado, há dois anos, próximo ao local que desabou, na mesma rocha envolvida no desprendimento. Teria sido o primeiro de uma série de 7 a 8 mirantes ainda por serem construídos.

“Os cânions são formações naturais que têm como característica principal o alto índice de fraturamento. As rochas que formam os cânions, que são quartzitos e arenitos, são altamente fraturadas. Então, a atividade turística tem que ser cuidadosa, regulamentada e tem haver treinamento de quem é cadastrado. É necessário ali uma gestão de turismo que considere o risco nas suas nas suas práticas”, afirma o geógrafo da PUC-Rio Marcelo Motta.

 

Momento do desmoronamento de uma parte da rocha de canyon em Capitólio. Foto> Reprodução

O Parque das Aventuras foi inaugurado em agosto do ano passado e conta com um circuito de tirolesa com 600 metros (ida e volta) de extensão e 100 m de altura e com um circuito de canionismo. Ainda faltam ser entregues atrações como arvorismo, rapel mecânico, atividades náuticas, trilhas para buggy e bike e um megabalanço.

De acordo com o Portal Capitólio Canastra, o investimento de R$ 135 milhões será feito pela empresa Canyons de Minas e inclui a construção do Parque de Contemplação, do Parque de Aventuras, do Parque Aquático, de um resort cinco estrelas e de um restaurante.

“No caso particular dos cânions, a legislação ainda é maior do que simplesmente margem de rio. O cânion ele tem 100 metros acima do paredão e inclui toda a margem do rio, desde o canal fluvial até o topo do paredão e mais 100 metros para trás. Então ainda tem uma legislação específica, ou seja, uma Área de Preservação Permanente com mais precisão. Eles têm uma legislação específica porque são formações únicas”, completa o geógrafo da PUC-Rio.

Segundo informações do site de turismo Portal Capitólio Canastra, uma das atrações do Parque Mirante dos Canyons, nos cânions de Capitólio, o Parque de Contemplação contará com mirantes, trilhas e uma ponte suspensa com 110m de comprimento e 50m de altura, além de um centro de visitação com lanchonete e sanitários. Apenas um dos oito mirantes previstos já está pronto.