O Brasil passa, durante a pandemia, por um agravamento das desigualdades na educação, invertendo a tendência de crescimento e igualdade social. E os mais penalizados pela crise da Covid-19 foram os alunos das séries iniciais, que tinham obtido os maiores avanços escolares nas quatro últimas décadas. As conclusões são da pesquisa “Retorno para Escola, Jornada e Pandemia”, da FGV Social, da Fundação Getúlio Vargas.
O estudo indicou que a taxa de evasão escolar da primeira etapa do ensino fundamental (5 a 9 anos) mais que dobrou entre os últimos trimestres de 2019 e 2020. Esse aumento de 1,41% para 5,51% coloca o Brasil num cenário parecido com o de 2006, ou seja, um retrocesso de 14 anos na educação básica.
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A pesquisa, que mediu os movimentos de saída e de volta à escola durante o período de pandemia, mostrou também que, no terceiro trimestre de 2021, a taxa de evasão voltou a 4,25%, ainda cerca de 128% mais alta que o observado no mesmo trimestre de 2019, e concluiu que, hoje, a vacinação das crianças contra o Covid-19 se apresenta como uma medida fundamental para um retorno mais seguro à escola.
“[…] O segmento mais adversamente afetado na pandemia foram os estudantes potenciais mais novos. Por exemplo, a taxa de evasão para o grupo de 5 anos de idade, fase crucial para o desenvolvimento da pessoa como argumenta o estudo, é multiplicada por 3,33 vezes e chega ao pico de 22,4% na pandemia, com impactos de longo prazo sobre a qualidade da educação deste recorte”, diz a divulgação.
Outro indicador que chama atenção é o que aponta que os alunos mais pobres, os da rede pública, aqueles em lugares mais remotos, e em particular os mais novos, foram os que mais perderam tempo de estudo durante a pandemia. O tempo dos alunos de 6 a 15 anos pertencentes ao Bolsa Família entre 2006 e 2020 caiu pela metade (de 4 horas e 1 minuto para 2 horas e 1 minuto), revelando perdas efetivas maiores que as observadas nas matrículas escolares.
A falta de atividades escolares também se destacou como algo preocupante, e está mais relacionada à inexistência de oferta por parte das redes escolares do que a problemas de demanda dos próprios alunos. A lacuna no oferecimento das práticas educacionais se dá por falta de envio de material por parte da rede de ensino, indo de 38,9% dos estudantes no Pará a 2,09% no Paraná, mostrando uma desigualdade regional do ensino.