Ao tomar posse da presidência do BNDES nesta segunda-feira em cerimônia marcada pela presença do presidente Lula, de ao menos 12 ministros e várias outras autoridades, Aloizio Mercadante deixou claro que pretende resgatar o papel histórico do banco como indutor de investimentos na indústria.

A participação da indústria nos desembolsos do BNDES despencou de 56% em 2006 para 16% 2021.

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“Este país precisa se reindustrializar … Vamos colocar a indústria no topo das ações estratégicas do BNDES”, afirmou. ”Não se trata da velha indústria. Trata-se da nova indústria: digital, descarbonizada, baseada em circularidade e, assim, intensiva em conhecimento. Essa nova indústria exigirá inovação e grandes investimentos na pesquisa aplicada”, acrescentou.

Ele lembrou do papel histórico do banco na promoção de investimentos do setor e do fortalecimento de grandes empresas que deram certo, como a Embraer, importante exportadora aeronaves.

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Também citou a Ferrovia Central do Brasil e Eletrobras, empresas centrais em seus respectivos setores para a população. E lembrou que o BNDES teve um papel central no desenvolvimento da indústria de papel e celulose, no complexo industrial da saúde e na transição energética, com apoio fundamental na geração de energia solar e eólica.

“O BNDES foi seminal no planejamento do Brasil. Foi o BNDES que gerou o Plano de Metas de Juscelino. Foi o BNDES que gestou o Plano Trienal de Celso Furtado e Santiago Dantas, num período extremamente difícil e interrompido pela ditadura militar. Pois bem, essa é uma tradição que iremos retomar”

Mercadante comparou o ápice do banco no apoio à infraestrutura e indústria com os últimos anos do banco. Desde 2015, segundo ele, o BNDES devolveu mais de R$ 678 bilhões ao Tesouro sob a forma de pagamento de principal, juros, liquidação antecipada da dívida e dividendos. Esse é um valor 54% maior que as transferências do Tesouro para o BNDES, de 2008 a 2014.

Mercadante na sua posse: “Este país precisa se reindustrializar … Vamos colocar a indústria no topo das ações estratégicas do BNDES”. Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

 

“A história deste banco se confunde com a da industrialização e a da modernização da infraestrutura do país. O BNDES esteve na linha de frente para viabilizar o financiamento de longo prazo”.

Ele lembrou que o hiato de investimentos na infraestrutura é, hoje, de cerca de R$ 226 bilhões, ou seja 2,6 % do PIB, ao ano. O investimento privado de infraestrutura, que foi, em 2022, de R$ 131 bilhões, “precisará ser alavancado fortemente com o suporte do BNDES”.

“Essa página precisa ser virada. Se quisermos ter futuro, precisaremos de um BNDES mais presente e atuante, e de uma relação de equilíbrio com o Tesouro Nacional. Mas não pretendemos ficar disputando mercado com o sistema financeiro privado. Precisamos de parcerias e o BNDES pode contribuir para reduzir risco, abrir novos mercados, alongar prazos e elaborar bons projetos para os investimentos”.

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Há, contudo, críticas sobre a gestão petista no incentivo a expressivo apoio do BNDES a grandes empresas brasileiras como as de telecomunicação, frigoríficos, construtoras, cujo objetivo também era fomentar o capital nacional no exterior.

“Nós estamos aqui não para debater o BNDES do passado, mas para construir o BNDES do futuro, que será verde, inclusivo, tecnológico, digital e industrializante”, disse Mercadante. 

O presidente Lula rebateu essas críticas em seu discurso, esclarecendo ainda informações falsas sobre os empréstimos do BNDES. Uma mentira disseminada, segundo o presidente, de que o banco repassava dinheiro direto a outros países. 

“O BNDES nunca deu dinheiro para “países amigos do governo”. O banco financiou o serviço de engenharia de empresas brasileiras em nada menos que 15 países da América Latina e do Caribe entre 1998 e 2017”, ressaltou. “Esse banco prestou enormes e grandes serviços ao povo brasileiro e vai continuar prestando”.