Representantes da Federação Única dos Petroleiros (FUP) reuniram-se com o ministro do Trabalho e Emprego (MTE), Luiz Marinho, nesta semana, em Brasília, para discutir a fixação de conteúdo nacional voltado para a revitalização da indústria naval brasileira e seus estaleiros. O pacto envolve ministérios, governadores de estados que têm estaleiros ativos (PE, BA, ES, RJ, SC e RS) e trabalhadores.

“O objetivo é ter uma ação coordenada dentro do governo visando a rápida geração de emprego e renda por meio das atividades de construção de blocos de navios, de módulos de plataformas, e descomissionamentos de embarcações. Estão previstos 53 descomissionamentos até 2030”, destaca o coordenador- geral da FUP, Deyvid Bacelar.

Uma das marcas do governo Lula no passado foi a revitalização da indústria naval a partir da definição de conteúdo local para plataformas e navios da Petrobras. A Lava-jato uma das justificativas do governo Temer para desmontar a estratégia de estímulo à indústria nacional.

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A articulação para o Pacto será coordenada pelo MTE, com foco no potencial de geração de emprego e renda da política pública de conteúdo local. Além do MTE, participam do processo os ministérios de Indústria e Comércio, Minas e Energia e Casa Civil. Entre os trabalhadores estão ainda representantes da Central Única de Trabalhadores (CUT), Confederação Nacional de Municípios (CNM) e Confederação Nacional dos Sindicatos de Trabalhadores nas Indústrias da Construção e da Madeira (Conticom).

A Petrobras, a maior empresa brasileira demandadora de navios e plataformas do país, também participou das tratativas.

Ficou acertado que o processo de descomissionamento implicará a organização de uma rede de catadores de resíduos sólidos, de forma a ampliar oportunidades econômica e financeira para esses trabalhadores. “Uma plataforma tem aço, fio, cobre, material elétrico, eletrônico etc, ou seja, uma série de materiais recicláveis”, lembra Bacelar.

No encontro com Marinho também foi discutida a necessidade de qualificação profissional para trabalhadores da indústria naval, visando grandes obras que ocorrerão, como a expansão da refinaria Abreu Lima (PE), o Polo Gaslub em Itaboraí (RJ) e paradas de manutenção do sistema Petrobras. 

Foto: Washington Costa/Ministério da Economia

O Programa de Aceleração do Crescimento (Qualifica PAC) pode ser usado para a profissionalização dos trabalhadores, segundo o dirigente da FUP. Ainda, Bacelar comentou que a agenda de grandes obras e paradas de manutenção passa também pelo processo de mediação do governo para a negociação coletiva mínima de salários e direitos trabalhistas. 

Durante a reunião, os trabalhadores encaminharam a Carta de Maragogipe (BA) – destinada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva -, fruto de audiências públicas feitas em cidades do recôncavo baiano. O documento reivindica à Petrobras a revitalização do Estaleiro Enseada e a reabertura do canteiro de obras de São Roque do Paraguaçu e a disponibilização do Canteiro para que as empresas possam utilizá-lo para execução dos serviços das encomendas da estatal e de descomissionamento de plataformas, garantindo assim a geração de empregos, base para o desenvolvimento social.