A Cedae informou na noite desta sexta-feira que contornou o problema do produto tóxico tolueno e voltou a captar água do sistema Imuna-Laranjal. O problema estrutural da bacia, porém, não acabou, e, no que depender de avaliações dos órgãos ambientais federais, seus efeitos podem estar apenas começando.

O analista do ICMBio, Mauricio Muniz, uma das autoridades que investigaram as causas da contaminação, navegou, sobrevoou a região e disponibilizou à Agência Nossa imagens chocantes de degradação da bacia hidrográfica do Rio Guapi-Macacu.

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“O que podemos notar nesses intensos dias de trabalho de campo, que somaram horas de sobrevoo de drone e outras de navegação pelos rios da região, é um cenário de intensa degradação e colapso ambiental da sub-bacia hidrográfica do Rio Guapi-Macacu”, afirma.

A bacia abastece mais de dois milhões de pessoas no estado do Rio, inclusive Niterói. A Cedae interrompeu a captação ao detectar o produto venenoso que poderia ser associado também a pesticidas, segundo especialistas. 

Ele explica que as intensas chuvas ocorridas há 10 dias transformou a região em um imenso lago, onde a água apodrece dia após dia, quando a mesma volta para a calha do rio, com o baixar das águas, rouba todo o oxigênio da água, matando os peixes.

Delegacia abre inquérito para investigar origem

A chuva também contribui para fazer espalhar mais pesticidas das zonas agrícolas. Uma das origens do tolueno poderia ser esta, segundo um ambientalista. Na quinta-feira declarações de autoridades estaduais apontaram um oleoduto inativo como possível origem do vazamento. Mas neste sábado,  a Cedae informou que um levantamento das empresas da região que têm licença para utilizar o tolueno está sendo realizado pela Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente (DPMA).

“Não existem florestas protetoras dos cursos d’água em nenhum lugar, as margens estão erodidas, os rios rasos e assoreados, os sistemas de diques e comportas das propriedades rurais estão falidos, com diques rompidos e comportas insuficientes”.

“O ICMBio já conhece essa realidade e vem alertando e indicando medidas de restauração ambiental há muito tempo, a criação da APA Federal de Guapi-Mirim é de 1984 e durante o processo de licenciamento ambiental do COMPERJ muitas ações necessárias foram convertidas em condicionantes do licenciamento”.

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A restauração florestal de cerca de 4300 mil hectares na região é uma das obrigações para mitigação de impacto ambiental do antigo Comperj, mas não foi cumprida. Sem a recomposição, a concentração de qualquer rejeito tóxico, esgoto e poluentes aumentou consideravelmente nos últimos anos.

No que compete o ICMBio, continuaremos a exigir o cumprimento das condicionantes de reflorestamento que somam 4 mil hectares na região e ainda não foram realizadas desde 2007. Sozinhas não resolvem os problemas, mas indicam um caminho que é a urgente necessidade de promovemos uma restauração ecológica da região.

Matéria atualizada com informações da Cedae e representantes de autoridades estaduais sobre sobre investigação da origem do tolueno que vazou nos rios que abastecem o sistema que foi interditado.