A Amazônia concentra atualmente 72,5 % de toda a área de mineração no Brasil, incluindo a extração industrial e o garimpo. Quase toda a área explorada por garimpeiros (94%) no País está na região amazônica.
Segundo a mais recente análise temporal do território brasileiro feita pelo MapBiomas, dos 149.393 hectares minerados no bioma, 67,6% pertencem ao garimpo.
Na mineração industrial, o bioma responde por praticamente a metade (49,2%) da área ocupada por essa tarefa no País. A maior mina de minério de ferro do mundo a céu aberto, Carajás, está localizada no estado do Pará.
Leia mais: Baía de Guanabara ganha mapeamento de economia sustentável
A expansão do garimpo coincide com o avanço sobre territórios indígenas e unidades de conservação. De 2010 a 2020, a área ocupada pelo garimpo dentro de terras indígenas cresceu 495%; no caso das unidades de conservação, o crescimento foi de 301%. No ano passado, metade da área nacional do garimpo estava em unidades de conservação ou em terras indígenas.
“Pela primeira vez, a evolução das áreas mineradas é apresentada para a sociedade, mostrando a expansão de todo o território brasileiro desde 1985. Tratam-se de dados inéditos que permitem compreender as diferentes dinâmicas das áreas de mineração industrial e garimpo e suas relações, por exemplo, com os preços das commodities, com as unidades de conservação e terras indígenas”, afirma o professor da UFPA e coordenador do Mapeamento de Mineração no MapBiomas, Pedro Walfir.
As maiores áreas de garimpo em terras indígenas estão em território Kayapó (7602 ha),Munduruku (1592 ha), no Pará; e Yanomami (414 ha), no Amazonas e Roraima. Entre as 10 unidades de conservação com maior atividade garimpeira, oito ficam no Pará. As três maiores são a APA do Tapajós (34.740 ha), a Flona do Amaná (4.150 ha) e o Parna do Rio Novo (1.752 ha).
No ano passado, a atividade garimpeira superou a área associada à mineração industrial: 107.800 ha contra 98.300, respectivamente, ou seja, a área de garimpo já representa 52% da ocupada pela mineração. Enquanto a expansão da atuação industrial se deu de forma contínua, a um ritmo de 2,2 mil ha por ano e sem grandes variações entre a década de 80 e 2020, no caso do garimpo, a situação foi outra: entre 1985 e 2009 o ritmo de crescimento era baixo, em torno de 1,5 mil ha por ano, mas a partir de 2010 a taxa de expansão quadruplicou para 6,5 mil ha por ano.
Entre 1985 e 2020 a área minerada no Brasil cresceu seis vezes. O dado, que resulta da análise de imagens de satélite com o auxílio de inteligência artificial, feita pelo MapBiomas, expressa o salto de 31 mil hectares em 1985 para um total de 206 mil hectares no ano passado. Boa parte desse crescimento se deu mediante a expansão na floresta amazônica. Em 2020, três de cada quatro hectares minerados no Brasil estavam na Amazônia.
Em extensão de área total minerada, os três maiores estados são Pará (110.209 ha), Minas Gerais (33.432 ha) e Mato Grosso (25.495 ha). No caso do Pará, a maior parte dessa área é ocupada pelo garimpo (76.514 ha, contra 33.695 há de mineração industrial). Em Minas Gerais, a quase totalidade é ocupada pela mineração industrial (32.785 ha). O Mato Grosso repete o padrão do Pará, com predominância do garimpo (22.987 ha).
Corrida pelo ouro
Em relação ao mapa dos municípios com maior atividade garimpeira é ligeiramente diferente. Sem exceções, todos os 10 municípios com maior área garimpada ficam no sul do Pará e norte de Mato Grosso, com Itaituba, Jacareacanga e São Félix do Xingu em primeiro e segundo e terceiro lugar, respectivamente.
Essa concentração não aparece no caso dos dez municípios com maior área minerada industrialmente, que ficam espalhados por Pará, Minas Gerais e Amazonas. Porém as três maiores – Parauapebas (6706 ha), Oriximiná (6278 ha) e Paragominas (5402 ha), ficam todas no Pará, seguidas por relevante contribuição de Minas Gerais, em Paracatu (3116 ha), Itabira (2963 ha) e Congonhas (2405 ha).
Garimpo e mineração industrial diferem também em relação ao fruto da exploração mineral. Enquanto produção de ferro (25,4%) e alumínio (25,3%) respondem por metade da área de mineração industrial, 86,1% da área garimpada está relacionada à extração de ouro.
“Os produtos da mineração são fundamentais para o desenvolvimento de uma economia de baixo carbono. Esperamos que estes dados contribuam para a definição de estratégias para acabar com as atividades ilegais e estabelecer uma mineração em bases sustentáveis respeitando as áreas protegidas e o direito dos povos indígenas e atendendo os mais elevados padrões de cuidado com a biodiversidade, solo e a água”, afirma o coordenador geral do MapBiomas, Tasso Azevedo.